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Fatores externos influenciam resultado
Chuvas, filas e desinformação sobre documentos são relevantes quando margem para segundo turno é pequena
Segundo o cientista político Alberto Carlos Almeida, os candidatos que lideram são os mais prejudicados por erros
RICARDO WESTIN
DE SÃO PAULO
O resultado de uma eleição não depende apenas das
convicções políticas dos eleitores. Fatores externos são
capazes de influenciar o
cômputo final de votos.
O dia chuvoso previsto em
parte do país, o vaivém nos
documentos exigidos do eleitor, a decisão da Justiça Eleitoral de anular os votos que
forem dados aos "fichas-sujas", tudo isso pode interferir
na votação de hoje.
"São fatores que em geral
não têm grande relevância
numa votação, não provocam reviravolta. Mas podem
se tornar significativos quando a margem para a realização do segundo turno é pequena", diz Mauro Paulino,
diretor-geral do Datafolha.
Paulino explica a influência das longas filas. Elas deverão se formar por causa da
quantidade de candidatos
nos quais cada eleitor votará:
seis. Em 2006, foram cinco
-neste ano, o eleitor escolherá dois para o Senado.
"Se passou por uma fila
grande e ouviu as pessoas reclamando da demora, ele se
sentirá pressionado a votar
rápido. Na pressa, poderá ficar nervoso e errar", diz.
O diretor do Datafolha afirma que a ordem dos candidatos na urna também pode
atrapalhar. As atenções na
campanha se voltam para os
candidatos a presidente, mas
esse é o último dos seis votos.
"Os eleitores podem se
confundir [no primeiro candidato] e dar o número do
presidente ao deputado estadual." E continua: "Há o risco de, no senador, votarem
na legenda. Se fizerem isso, o
voto será anulado".
OS MAIS PREJUDICADOS
Segundo o cientista político Alberto Carlos Almeida,
do Instituto Análise, o candidato que lidera é o mais prejudicado pelos erros ao votar.
"O primeiro colocado nas
pesquisas é, em geral, o mais
votado pelas pessoas da classe mais baixa. São essas pessoas, de baixa escolaridade,
as que mais se confundem."
A chuva, por sua vez, pode
contribuir com a abstenção.
"Se a chuva cai no Norte ou
no Nordeste, prejudica mais
Dilma [PT]. Se cai no Sul ou
no Sudeste, prejudica mais
Serra [PSDB] e Marina [PV]",
exemplifica Paulino.
Até a votação passada, o
eleitor podia votar com o título ou com um documento
com foto. A partir deste ano,
ambos seriam obrigatórios.
Na semana passada, o Supremo Tribunal Federal decidiu
que só se deve apresentar um
documento com foto.
Diante das mudanças, é
provável que eleitores apareçam só com o título e, assim,
sejam impedidos de votar.
Em 2005, o então presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Carlos Velloso,
estimava que 30 milhões de
eleitores não tinham documento de identidade.
Alberto Carlos Almeida crê
que isso não terá grande efeito. "No interior, o mesário conhece o eleitor. Ainda que
chegue só com o título, será
autorizado a votar."
Para ele, a indecisão sobre
a Lei da Ficha Limpa fará
com que eleitores deixem de
votar em "fichas-sujas". Na
semana passada, o TSE determinou que serão anulados
os votos dados aos "fichas-sujas". Caso eleitos, porém,
poderão recorrer à Justiça para tentar assumir.
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