São Paulo, quinta-feira, 03 de novembro de 2011

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ANÁLISE DESIGUALDADE

Avaliação em prazos mais longos permite compreensão melhor

Abismo entre pobres e ricos diminuiu nos últimos anos, mas Brasil ainda se destaca entre os mais desiguais

ANTÔNIO GOIS

DO RIO

O IDH, divulgado desde 1990 pela ONU, representou um avanço ao difundir a ideia de que o desenvolvimento humano não poderia ser mensurado apenas por indicadores econômicos.
No entanto, justamente por ser uma síntese de estatísticas distintas, é preciso entender o que o índice revela e o que ele pode esconder.
Entram hoje no cálculo do IDH renda, expectativa de vida e escolaridade por serem indicadores possíveis de mensuração em quase todos os países. Mas ficam de fora aspectos importantes do desenvolvimento humano.
Na educação, a ONU leva em conta a média de anos de estudos, sem considerar a qualidade. A população adulta do Brasil, por exemplo, tem média de 7,2 anos de estudo -menos que o ensino fundamental completo.
Sabemos por outros levantamentos que o brasileiro está dois anos atrasado em relação à média dos países ricos em termos de aprendizado. Ou seja, sete anos de estudo aqui equivaleriam a cinco em países desenvolvidos.
O mesmo vale para a expectativa de vida. O IBGE estimou em 2000 que um quinto da vida do brasileiro é vivida com menos qualidade por limitações físicas ou problemas crônicos de saúde. No Japão, esta proporção é de apenas 3%.
Essas ponderações não invalidam o IDH, especialmente quando fugimos da tentação de reduzir o indicador a um mero perde e ganha de posições no ranking.
Numa análise de longo prazo, temos, por exemplo, uma visão melhor do quanto avançamos na redução da desigualdade no país.
Em 1990, o Brasil aparecia como campeão de desigualdade entre 45 nações avaliadas. A renda média dos 20% mais ricos equivalia a 34 vezes a dos 20% mais pobres. Hoje, a proporção é de 18.
Olhando apenas para nosso umbigo, talvez ficaríamos satisfeitos com a melhoria.
Mas, ao comparar 142 nações para as quais foi possível fazer esta conta, o relatório mostra que seguimos no top 10 da desigualdade, na décima colocação.
A comparação de indicadores no longo prazo, apesar de todas as limitações, ajuda a colocar melhor em perspectiva os avanços e os retrocessos registrados pelos países.


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