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Corpos de vítimas permanecem na floresta
Polícia não resgatou cadáveres de dois trabalhadores assassinados no Pará em abril
DE BRASÍLIA
Enquanto se discute como
diminuir a violência agrária
na Amazônia, os corpos de
dois trabalhadores rurais assassinados em um assentamento em Pacajá (PA) estão
no meio da floresta desde o
final de abril esperando serem recolhidos.
A Secretaria Nacional dos
Direitos Humanos já pediu
duas vezes à Polícia Civil do
Estado para buscar os cadáveres e investigar os crimes,
mas recebeu a resposta de
que o local é de difícil acesso
e seria necessário um helicóptero para resgatá-los.
Na última quarta-feira,
procurado pela Folha, o governo de Simão Jatene
(PSDB) disse que a cúpula da
Secretaria Estadual da Segurança Pública desconhecia a
situação e que foi avisado dela pela reportagem.
Mas as mortes tinham sido
comunicadas pelo governo
federal em uma reunião no
dia 13 de maio e também por
ofício na semana passada.
Segundo o governo estadual, equipes das polícias
militar e civil foram enviadas
à área anteontem para fazer o
resgate dos corpos, o que deve ocorrer nos próximos dias.
Adão Ribeiro da Silva e
Nildo (cujo sobrenome ainda
é desconhecido) foram mortos por terem supostamente
denunciado plantadores de
maconha dentro do assentamento Rio Bandeira, que fica
em local isolado de Pacajá.
Em dezembro do ano passado, policiais foram à área e
queimaram parte de uma
plantação estimada em
6.000 pés.
Pouco tempo depois, os
donos da droga voltaram à
área e assassinaram quem
eles acreditavam que os havia delatado. Os outros trabalhadores rurais não mexeram nos cadáveres com medo de represálias.
VIOLÊNCIA
A região de Pacajá é uma
das mais violentas da Amazônia. Fica próxima à Anapu,
cidade em que foi morta, em
2005, a missionária norte-americana naturalizada brasileira Dorothy Stang.
Segundo a Sintraf (Sindicato dos Trabalhadores na
Agricultura Familiar), que
atua na área, ao menos dez
pessoas foram mortas apenas no ano passado em um
assentamento vizinho ao Rio
Bandeira, chamado Rio Cururuí, onde madeireiros invadem os lotes dos assentados
para roubar madeira.
No fim de setembro de
2010, a CPT (Comissão Pastoral da Terra) denunciou que
13 pessoas haviam sido mortas dentro do Cururuí.
Os crimes nunca foram solucionados e alguns dos supostos mortos também nunca foram encontrados. A Polícia Civil disse à época que
eram três os assassinatos e os
atribuiu a disputas entre os
assentados.
No ofício enviado na semana passada ao governo paraense, a Secretaria Nacional
dos Direitos Humanos também pediu que esses outros
casos fossem investigados.
(JOÃO CARLOS MAGALHÃES)
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