São Paulo, domingo, 04 de julho de 2010

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PT-SP mira classe média para bater PSDB

Para tentar eleger Mercadante ao governo, partido mapeia temas para conquistar eleitor e se alia a dez legendas

Outra estratégia é usar a popularidade de Lula para tentar vencer o preconceito de parte do eleitorado com a sigla

Luiz Carlos Murauskas - 26.jun.10/ Folhapress
Mercadante ao lado de correligionários, como Marta e Netinho (à esq.), em convenção que oficializou sua candidatura

FERNANDO GALLO
DE SÃO PAULO

Com a promessa de reproduzir o modelo de desenvolvimento adotado pelo governo Lula e um discurso voltado para a classe média, o PT-SP tenta, neste ano, romper a hegemonia do PSDB no Estado, que já dura 16 anos.
Para tentar eleger o senador Aloizio Mercadante (PT-SP) ao governo, o partido mapeou os pontos sensíveis da administração tucana e fez a maior aliança de sua história em São Paulo, ao se coligar com dez partidos.
Com foco em segurança, trânsito e transportes, preço dos pedágios, educação e desenvolvimento regional, o PT quer conquistar duas clientelas: a classe média tradicional e a emergente.
O diagnóstico de que o eleitor com que o partido costumava dialogar já não existe foi feito há dois anos, nas eleições municipais de 2008.
"Quando achávamos que estávamos dialogando com a periferia, naqueles bairros tidos como periféricos já havia uma classe média emergente", diz Edinho Silva, presidente do PT paulista.
Embora no lançamento de sua candidatura tenha adotado um tom mais brando e dito que não iria atacar os tucanos, Mercadante, duas semanas antes, na convenção nacional do PDT, deu mostras dos temas e do tom que deve adotar na campanha.
"Podem dizer para São Paulo: Mercadante é o caminho e [Geraldo] Alckmin [PSDB] é o pedágio!" e "É preciso segurança pública e pulso forte pra não se render ao crime organizado como fez o governo que aí está" foram frases usadas por ele.
Apesar de ser tema importante em São Paulo, e de já ter sido usado na campanha de 2006 pelo próprio Mercadante -em maio daquele ano ocorreram os ataques do PCC-, o exemplo do "pulso forte" no comando da segurança se distancia do discurso petista histórico, menos conservador.

IMAGEM DE LULA
Na convenção estadual do PT, candidatos e dirigentes tentaram colar a imagem de Mercadante na de Lula, com o lema "Deu certo no Brasil, vai dar certo em São Paulo".
A estratégia é aproveitar a aprovação recorde ao governo Lula, de 78%, segundo o Datafolha, para romper o preconceito de parte do eleitorado paulista com a sigla.
"As pesquisas mostram que o governo Lula abriu espaço para diálogo com esse setor muito grande. Esse setor, que sempre rejeitou o PT e o Lula, hoje aprova o Lula e abre espaço para o diálogo com o PT. O PT tem que entender isso", afirma Edinho.
Quanto às alianças (com PDT, PR, PC do B, PT do B, PRB, PRP, PSDC, PRTB, PPL e PTN), ao adotar o tom mais pragmático, já encampado pelo PT nacional, o PT-SP quer, além do tempo de TV -cerca de 4min30s, contra 7min do PSDB-, mostrar capacidade de diálogo.


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