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De manhã, Lula já previa "30 dias de luta"
Abatido ao votar, presidente lembrou que ele próprio teve de enfrentar dois segundos turnos antes de vencer
"É a primeira vez que
vou votar e não tem
minha cara lá", afirmou
sobre primeira ausência
em mais de 20 anos
FABIO VICTOR
DE SÃO PAULO
Desde cedo, o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva parecia saber que a sua candidata, Dilma Rousseff, enfrentaria um segundo turno.
Ao votar, às 9h30 numa escola em São Bernardo do
Campo, Lula admitiu a dificuldade da disputa, ao lembrar que ele próprio não conseguira liquidar de primeira
as duas eleições que venceu.
Àquela altura, o presidente já estava municiado por
pesquisas internas do PT
apontando a provável prorrogação da disputa.
"A eleição tem dois turnos.
Eu não ganhei no primeiro
turno nenhuma eleição, nem
em 2002 nem em 2006. Apenas vai demorar 30 dias a
mais, 30 dias de luta. E vamos para a disputa. Não é fácil obter 50% de votos do povo brasileiro no primeiro turno. Ela está numa situação
privilegiada", declarou.
Lula aparentava abatimento incomum. Não sorriu
nem fez sinais para os fotógrafos, como costumava fazer ao votar em outros anos, e
mal conversou com os mesários de sua seção.
Num raro momento de
bom humor, afirmou, sem
ser questionado, que lastimava não ter visto seu próprio rosto na urna eletrônica.
"Eu só lamentei que é a
primeira vez que eu vou votar
e não tem minha cara lá no
telão desde que foram restabelecidas as eleições para
presidente, em 89", disse.
O chiste embute uma certa
melancolia de alguém que se
acostumou a, desde a redemocratização do país, figurar
como candidato competitivo
nas batalhas pelo Planalto.
No período, o petista concorreu em cinco eleições presidenciais, sendo segundo
colocado em três (1989, 1994
e 1998) e ganhando em duas
(2002 e 2006).
Questionado se voltará um
dia a ser candidato Lula, afirmou: "Não, não, não. Quando a gente passa pela Presidência da República, a gente
tem que ter um sossego na vida. O importante é terminar o
governo bem, concluir todas
as obras e deixar o Brasil
mais preparado, com mais
crescimento econômico, para as outras pessoas".
O presidente, que procura
um imóvel em São Paulo para abrigar um instituto ao
qual pretende se dedicar e
onde deve guardar o seu
acervo, contou que, "a partir
do dia 1º de janeiro à tarde",
estará de volta a São Bernardo, "morando, residindo e fazendo política".
Lula votou acompanhado
da primeira-dama, Marisa
Letícia, do candidato do PT
ao governo paulista, Aloizio
Mercadante, de Marta Suplicy (PT) e Netinho de Paula
(PC do B), que concorreram
ao Senado, e do prefeito de
São Bernardo, Luiz Marinho.
O presidente abriu sua rápida e tumultuada entrevista
exaltando o que avalia ser o
amadurecimento da democracia brasileira.
"Esse espetáculo da democracia não é qualquer país do
mundo que faz."
LULA OUTRA VEZ
Questionado por um repórter do programa humorístico "CQC", da Band, se pretendia se inscrever no Bolsa
Família ao deixar a Presidência, Lula respondeu: "Não,
eu vou trabalhar no CCQ",
brincou, confundindo a sigla
do programa.
Ao sair do local de votação, cumprimentou eleitores
que o aguardavam sob chuva
e gritavam "Um, dois, três,
Lula outra vez".
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