São Paulo, terça-feira, 04 de outubro de 2011

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ANÁLISE CASO PALOCCI

Queda de ministro mudou perfil do comando do governo Dilma

Sem Palocci, presidente livrou-se da sombra de um político ambicioso para formar trio de mulheres

ELIANE CANTANHÊDE

COLUNISTA DA FOLHA

O governo Dilma Rousseff mudou indelevelmente já no seu primeiro semestre, com a queda do seu principal ministro e articulador político. Seria um com Antonio Palocci, tornou-se outro sem ele.
Palocci caiu da Casa Civil por não explicar a sequência de reportagens da Folha sobre a compra praticamente à vista de um apartamento de R$ 6,6 milhões, o súbito crescimento do patrimônio em 20% e os lucros fabulosos de uma empresa esquisita no ano da eleição.
Ao desabar, encerrou a lua de mel de Dilma com a opinião pública e abriu espaço para um trio feminino -e surpreendente- no Planalto.
Palocci não era próximo de Dilma quando foram colegas no governo Lula, mas é habilidoso e tem uma lábia cantada em prosa e verso na política. Soube se fazer fundamental na eleição de 2010.
De homem-chave da campanha para homem-chave do governo foi um pulo natural. O que não significa que Dilma se sentisse confortável, como se sente agora, ao lado das petistas Gleisi Hoffmman na Casa Civil e Ideli Salvatti na articulação política.
Dilma não mexeu um dedo para espantar Palocci do governo, mas também não se desdobrou para mantê-lo. Simplesmente deixou as coisas evoluírem.
Palocci já não era "réu primário", depois de cair no governo Lula por não explicar suspeitas sobre uma casa alugada em Brasília e por quebrar o sigilo bancário de um caseiro. E se inviabilizou agora porque demorou a falar e, quando falou, não teve resposta para nenhuma das revelações da Folha.
Sua lenta agonia de 23 dias deflagrou uma sequência estonteante de trocas de ministros. Em menos de um ano, já são quatro escorraçados por denúncias e um, Nelson Jobim (Defesa), que caiu por falar demais -e contra o governo. Foi o único oficial e publicamente demitido.
Dilma pode até sentir alívio com a saída de Palocci. Livrou-se das denúncias e da sombra de um político ambicioso e com enorme interlocução na área política, no empresariado e nos meios de comunicação. E ganhou em lealdade e em gerenciamento com Gleisi, a aplicada, e Ideli, a pragmática.


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