São Paulo, quinta-feira, 04 de novembro de 2010

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OAB pede punição a internauta por suposto racismo

Estudante de direito publicou na internet declaração contra nordestinos por votação em massa em Dilma

Ordem vai solicitar a Ministério Público que peça ação penal contra universitária; jovem não foi encontrada

JAMES CIMINO
ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER

DE SÃO PAULO

FÁBIO GUIBU
DE RECIFE

"Nordestino não é gente. Faça um favor a SP: mate um nordestino afogado!" Essa foi uma das várias mensagens contra nordestinos que invadiram o Twitter no domingo, após a vitória de Dilma Rousseff (PT).
Escrita por uma estudante de direito em São Paulo, a declaração virou símbolo do preconceito contra quem é do Nordeste e alvo da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de Pernambuco.
A entidade solicitará hoje ao Ministério Público Federal em São Paulo que peça a abertura de uma ação penal contra a estudante por supostos crimes de racismo e de incitação à prática de homicídio na rede.
A declaração da jovem provocou reações dos internautas, que se posicionaram contra e, alguns, a favor da universitária. Nas mensagens, a eleição de Dilma é atribruída à votação da petista no Nordeste.
A petista teria sido eleita mesmo sem a vantagem de 10,7 milhões de votos sobre José Serra (PSDB) na região, graças às vitórias obtidas no Sudeste e no Norte.
No Facebook, a estudante também deixou declarações semelhantes: "Deem direito de voto para nordestinos e afundem o país de quem trabalhava para sustentar os vagabundos que fazem filho para ganhar o Bolsa 171".
Após a enxurrada de críticas, a jovem cancelou seu perfil em redes sociais.
Segundo o presidente da OAB-PE, Henrique Mariano, outras pessoas que também ofenderam os nordestinos poderão ser enquadradas em novas ações penais.
O crime de racismo, afirmou, é imprescritível e inafiançável. A pena prevista varia de dois anos a cinco anos de reclusão.

SEM EMPREGO
O escritório Peixoto e Cury Advogados, de São Paulo, confirmou ontem à Folha que a universitária, que era sua estagiária, não faz mais parte do seu quadro.
A assessoria do escritório se negou a dizer, porém, se a jovem deixou o emprego ou foi demitida e quando isso aconteceu.
"Com muito pesar e indignação, [o Peixoto e Cury Advogados] lamenta a infeliz opinião pessoal emitida, em rede social, da qual apenas tomou conhecimento pela mídia", afirmou, em nota, o escritório.
A estudante não foi encontrada pela Folha para se manifestar sobre o caso.


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