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OAB pede punição a internauta por suposto racismo
Estudante de direito publicou na internet declaração contra nordestinos por votação em massa em Dilma
Ordem vai solicitar a Ministério Público que peça ação penal contra universitária; jovem não foi encontrada
JAMES CIMINO
ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER
DE SÃO PAULO
FÁBIO GUIBU
DE RECIFE
"Nordestino não é gente.
Faça um favor a SP: mate um
nordestino afogado!" Essa
foi uma das várias mensagens contra nordestinos que
invadiram o Twitter no domingo, após a vitória de Dilma Rousseff (PT).
Escrita por uma estudante
de direito em São Paulo, a declaração virou símbolo do
preconceito contra quem é
do Nordeste e alvo da OAB
(Ordem dos Advogados do
Brasil) de Pernambuco.
A entidade solicitará hoje
ao Ministério Público Federal
em São Paulo que peça a
abertura de uma ação penal
contra a estudante por supostos crimes de racismo e
de incitação à prática de homicídio na rede.
A declaração da jovem
provocou reações dos internautas, que se posicionaram
contra e, alguns, a favor da
universitária. Nas mensagens, a eleição de Dilma é
atribruída à votação da petista no Nordeste.
A petista teria sido eleita
mesmo sem a vantagem de
10,7 milhões de votos sobre
José Serra (PSDB) na região,
graças às vitórias obtidas no
Sudeste e no Norte.
No Facebook, a estudante
também deixou declarações
semelhantes: "Deem direito
de voto para nordestinos e
afundem o país de quem trabalhava para sustentar os vagabundos que fazem filho
para ganhar o Bolsa 171".
Após a enxurrada de críticas, a jovem cancelou seu
perfil em redes sociais.
Segundo o presidente da
OAB-PE, Henrique Mariano,
outras pessoas que também
ofenderam os nordestinos
poderão ser enquadradas em
novas ações penais.
O crime de racismo, afirmou, é imprescritível e inafiançável. A pena prevista varia de dois anos a cinco anos
de reclusão.
SEM EMPREGO
O escritório Peixoto e Cury
Advogados, de São Paulo,
confirmou ontem à Folha
que a universitária, que era
sua estagiária, não faz mais
parte do seu quadro.
A assessoria do escritório
se negou a dizer, porém, se a
jovem deixou o emprego ou
foi demitida e quando isso
aconteceu.
"Com muito pesar e indignação, [o Peixoto e Cury Advogados] lamenta a infeliz
opinião pessoal emitida, em
rede social, da qual apenas
tomou conhecimento pela
mídia", afirmou, em nota, o
escritório.
A estudante não foi encontrada pela Folha para se manifestar sobre o caso.
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