São Paulo, sábado, 04 de dezembro de 2010 |
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Documento contradiz governo sobre terror Itamaraty, que hoje admite preocupação com terrorismo na Copa e na Olimpíada, tentou esconder temor em 2007 Documento sigiloso do Ministério da Justiça sobre o Pan confirma que estratégia antiterror havia sido debatida JOSÉ ERNESTO CREDENDIO DE BRASÍLIA Documentos sigilosos do Ministério da Justiça obtidos pela Folha desmentem a versão do Itamaraty de que o Brasil não estava preocupado com ações de terrorismo por ocasião da realização dos Jogos Pan-Americanos de 2007, organizados pelo Rio. Os papéis agora descobertos mostram que o governo se equipou contra terroristas, diferentemente da versão oficial que fez circular. "Organizações terroristas, que se utilizam de eventos dessa natureza para chamar a atenção da opinião pública internacional podem se aproveitar desse espaço para promover a instabilidade do evento", diz o documento. A atitude do governo brasileiro com relação à Copa do Mundo de 2014 e aos Jogos Olímpicos de 2016, que também serão realizados no país, é idêntica, como confirmou o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim. Na terça-feira, a Folha revelou que, segundo telegrama da embaixada americana em Brasília, integrantes do Itamaraty admitiram a possibilidade de um ataque terrorista durante a Olimpíada. Os papéis foram reunidos pelo site WikiLeaks. Indagado sobre os documentos confidenciais, Amorim confirmou a preocupação séria com ataques. "Sim, estamos muito preocupados com o terrorismo", disse. Os documentos do Ministério da Justiça sobre o esquema de segurança do Pan do Rio, com timbre "confidencial", provam que o governo tentou camuflar essa preocupação há três anos. Um dos tópicos trata especificamente da delegação dos EUA. O Pan, diz o papel, desperta "possível interesses dos países conhecidos como hostis aos EUA, podendo haver atentados durante a realização dos Jogos". A preocupação não ficou só no papel. O Ministério da Justiça gastou R$ 8,1 milhões no Pan somente com o subsistema de inteligência voltado ao monitoramento de possíveis ataques terroristas. O item "banco de dados grupos terroristas/eventos internacionais" custou R$ 894 mil. Foi contratado ainda um sistema de interceptação de mensagens -pela internet e por telefone- para identificar palavras que pudessem estar associadas a possíveis atentados. As centenas de páginas de documentos integram o processo de contratação do Consórcio Integração Pan, sem licitação, por R$ 161 milhões. O consórcio, liderado pela Motorola, incluía a Digitro Tecnologia, dona do Guardião, sistema de grampos telefônicos usados no país. Também estava no consórcio a ISDS (International Security & Defense Systems), empresa israelense cujo portfólio destaca mecanismos de combate ao terror. Texto Anterior: Banco afirma que doação é legal; PT não vê problema Próximo Texto: Vazamentos devem preocupar Obama, diz Lula Índice | Comunicar Erros |
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