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Denúncia liga bispos da Universal e "sanguessugas"
Procuradoria acusa políticos ligados à igreja de desvio de R$ 2 milhões
Segundo acusação, envolvidos usaram entidade sediada em São Paulo para cometer as irregularidades
FLÁVIO FERREIRA
DE SÃO PAULO
A Procuradoria da República em São Paulo apontou
em denúncia à Justiça que
ex-deputados federais e um
vereador de Ribeirão Preto ligados à Igreja Universal do
Reino de Deus cometeram
fraudes em parceria com integrantes da "máfia dos sanguessugas" e desviaram cerca de R$ 2 milhões dos cofres
do Ministério da Saúde.
Segundo a acusação formal, os envolvidos usaram
uma entidade também ligada à Universal, a ABC (Associação Beneficente Cristã),
sediada em São Paulo, para
cometer as fraudes.
A denúncia tem como base
uma auditoria realizada pelo
Ministério da Saúde e pela
CGU (Controladoria Geral da
União) que apontou irregularidades em quatro convênios
assinados entre 2002 e 2005
para compra de sete ambulâncias e equipamentos médicos e odontológicos.
O modo de atuação dos
acusados é o mesmo descrito
em outros processos sobre a
"máfia dos sanguessugas".
De acordo com a Procuradoria, os ex-congressistas
Vandeval Lima dos Santos e
João Batista Ramos da Silva,
que à época eram chamados
de bispos, Marcos Roberto
Abramo, que usava o título
de pastor, e Wagner Amaral
Salustiano aprovaram emendas para liberar recursos para os convênios entre o Ministério da Saúde e a ABC.
A acusação aponta que os
diretores da ABC informaram
ao ministério que a entidade
possuía equipes médicas e
leitos para atendimentos pelo Sistema Único de Saúde,
mas os dados eram falsos.
Após a receber os repasses, cabia à ABC realizar licitações para a compra dos veículos segundo as exigências
previstas nos convênios.
Porém, os dirigentes da
ABC Saulo Rodrigues da Silva, bispo da Universal e vereador em Ribeirão Preto, e
Randal Ferreira de Brito fraudaram as licitações e contrataram empresas do esquema
da "máfia dos sanguessugas,
de acordo com a denúncia.
As empresas vencedoras
das licitações eram controladas por Darci José Vedoin,
pela esposa dele, Clélia Vedoin, pelo filho do casal, Luiz
Antônio, e por Ronildo Pereira Medeiros, que já são acusados em ações em outros Estados por comandar a "máfia
dos sanguessugas".
Silva disse que na gestão
dele na ABC não houve irregularidades e o advogado
dos Vedoin afirmou que eles
respondem pelos crimes em
Mato Grosso (veja abaixo).
A auditoria do ministério
indica que as ambulâncias
compradas foram encontradas sem os equipamentos
previstos nos convênios e estavam em mau estado- algumas nem bateria tinham.
Os ex-deputados ligados
ao esquema receberam uma
comissão de 10% sobre os valores desviados, conforme
confissões dos Vedoin e interceptações telefônicas feitas em outras ações, de acordo com a Procuradoria. O órgão pede que eles sejam condenados pelos crimes de corrupção passiva e estelionato.
Os Vedoin e Medeiros foram acusados por corrupção,
fraude à licitação e estelionato contra a União, e os ex-dirigentes da ABC cometeram
fraude à licitação e estelionato, segundo a acusação. Se a
denúncia for aceita pela 7ª
Vara Criminal Federal de São
Paulo, os acusados passarão
a ser réus em ação penal.
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