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ANÁLISE
No 2º turno, governadores entram em cena
VINICIUS MOTA
SECRETÁRIO DE REDAÇÃO
Se voto em primeiro turno
fosse patrimônio assegurado
de candidato -não é-, Dilma precisaria, nas próximas
quatro semanas, agregar o
equivalente a um Estado de
Goiás (pouco mais de 3 milhões de votos) para sagrar-se sucessora de Lula.
A tarefa de Serra seria
acrescentar à sua votação um
Estado de Minas e mais uma
Bahia -quase 18 milhões de
votos a mais, ao todo.
A imagem ilustra o favoritismo inicial da candidatura
governista neste segundo
turno. Mas alguns vetores
herdados do processo anterior favorecem o estreitamento da distância para Serra.
De cada 10 eleitores que
declararam voto em Marina
no primeiro turno, mostrou o
Datafolha, 5 pretendem migrar para o tucano e 3 para a
petista. Caso se efetive o índice, Dilma iniciaria o 2º turno
perto de 53% das intenções
de voto; contra 42% de Serra.
Um fator de erosão do
apoio à ex-ministra, a divulgação de declaração a favor
de descriminalizar o aborto,
continua em marcha. O PT
mobiliza lideranças religiosas na tentativa de estancar a
sangria, enquanto reativa o
ambientalismo no discurso.
Somado ao escândalo na
Casa Civil, o caso do aborto
indica a sensibilidade de parcela expressiva do eleitorado
à temática dos valores. Desta
vez, porém, o desembarque
da chapa governista não privilegiou a oposição tucana.
Encontrou em Marina Silva
seu maior depositário.
Computados os votos, viu-se que Marina não frustrou
apenas as expectativas petistas. Foi responsável por uma
redução do desempenho esperado de Serra na sua própria casa, São Paulo.
Com 37% dos votos, Dilma
repetiu o desempenho de
2006 de Lula entre os paulistas. Serra obteve agora uma
vitória apertada, com quatro
pontos de margem sobre a
petista -na capital superou-a por 145 mil votos, num total
de 6,6 milhões. Em 2006,
Alckmin, com 54% dos votos, bateu Lula com 17 pontos
de margem no Estado.
É imprecisa a ideia de que
o PT estaria avançando no
Estado de São Paulo. Sem ter
angariado fatia maior de votos, Dilma ganhou em mais
cidades na comparação com
Lula em 2006 -e venceu em
mais zonas eleitorais na capital- porque Marina diluiu,
em 2010, o capital eleitoral
tucano de quatro anos antes.
Mesmo no cotejo com o desempenho de Alckmin para o
governo no domingo, Serra
ficou quase dez pontos atrás.
Se igualasse no pleito presidencial a votação de Alckmin
no estadual, Serra teria obtido 2 milhões de votos mais.
Em colégios populosos do
país, a história se repetiu. No
Rio, Sergio Cabral (PMDB)
obteve 1,5 milhão de votos a
mais, na disputa estadual,
que sua aliada Dilma na presidencial.
Em Minas, o tucano Antonio Anastasia conseguiu 3
milhões de votos mais que o
correligionário Serra. Em
Pernambuco, a votação de
Eduardo Campos (PSB) superou a de Dilma em 700 mil.
Em busca desses votos
desgarrados, as campanhas
de Dilma e Serra seguem roteiro parecido. Convocam os
aliados campeões regionais
de votos, numa peculiar "política dos governadores".
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