São Paulo, terça-feira, 05 de outubro de 2010

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ANÁLISE

No 2º turno, governadores entram em cena

VINICIUS MOTA
SECRETÁRIO DE REDAÇÃO

Se voto em primeiro turno fosse patrimônio assegurado de candidato -não é-, Dilma precisaria, nas próximas quatro semanas, agregar o equivalente a um Estado de Goiás (pouco mais de 3 milhões de votos) para sagrar-se sucessora de Lula.
A tarefa de Serra seria acrescentar à sua votação um Estado de Minas e mais uma Bahia -quase 18 milhões de votos a mais, ao todo.
A imagem ilustra o favoritismo inicial da candidatura governista neste segundo turno. Mas alguns vetores herdados do processo anterior favorecem o estreitamento da distância para Serra.
De cada 10 eleitores que declararam voto em Marina no primeiro turno, mostrou o Datafolha, 5 pretendem migrar para o tucano e 3 para a petista. Caso se efetive o índice, Dilma iniciaria o 2º turno perto de 53% das intenções de voto; contra 42% de Serra.
Um fator de erosão do apoio à ex-ministra, a divulgação de declaração a favor de descriminalizar o aborto, continua em marcha. O PT mobiliza lideranças religiosas na tentativa de estancar a sangria, enquanto reativa o ambientalismo no discurso.
Somado ao escândalo na Casa Civil, o caso do aborto indica a sensibilidade de parcela expressiva do eleitorado à temática dos valores. Desta vez, porém, o desembarque da chapa governista não privilegiou a oposição tucana. Encontrou em Marina Silva seu maior depositário.
Computados os votos, viu-se que Marina não frustrou apenas as expectativas petistas. Foi responsável por uma redução do desempenho esperado de Serra na sua própria casa, São Paulo.
Com 37% dos votos, Dilma repetiu o desempenho de 2006 de Lula entre os paulistas. Serra obteve agora uma vitória apertada, com quatro pontos de margem sobre a petista -na capital superou-a por 145 mil votos, num total de 6,6 milhões. Em 2006, Alckmin, com 54% dos votos, bateu Lula com 17 pontos de margem no Estado.
É imprecisa a ideia de que o PT estaria avançando no Estado de São Paulo. Sem ter angariado fatia maior de votos, Dilma ganhou em mais cidades na comparação com Lula em 2006 -e venceu em mais zonas eleitorais na capital- porque Marina diluiu, em 2010, o capital eleitoral tucano de quatro anos antes.
Mesmo no cotejo com o desempenho de Alckmin para o governo no domingo, Serra ficou quase dez pontos atrás. Se igualasse no pleito presidencial a votação de Alckmin no estadual, Serra teria obtido 2 milhões de votos mais.
Em colégios populosos do país, a história se repetiu. No Rio, Sergio Cabral (PMDB) obteve 1,5 milhão de votos a mais, na disputa estadual, que sua aliada Dilma na presidencial.
Em Minas, o tucano Antonio Anastasia conseguiu 3 milhões de votos mais que o correligionário Serra. Em Pernambuco, a votação de Eduardo Campos (PSB) superou a de Dilma em 700 mil.
Em busca desses votos desgarrados, as campanhas de Dilma e Serra seguem roteiro parecido. Convocam os aliados campeões regionais de votos, numa peculiar "política dos governadores".


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