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8,7 milhões de votos em 'fichas-sujas'
No dia da eleição 208 políticos estavam com a candidatura barrada pela Justiça Eleitoral com base na nova lei
DE SÃO PAULO
Os candidatos barrados
pela Justiça Eleitoral com base na Lei da Ficha Limpa em
todo o país receberam pelo
menos 8,7 milhões de votos,
segundo levantamento concluído pela Folha ontem. Os
votos foram anulados, mas
os políticos ainda podem recorrer a tribunais superiores.
A apuração do jornal considerou a votação de 208 políticos cujas candidaturas estavam indeferidas no país no
dia da eleição por conta da
aplicação da nova lei.
O maior número de votos
anulados em virtude da lei da
Ficha Limpa foi visto no Pará, onde políticos considerados "fichas-sujas" tiveram
mais de 3,5 milhões de votos.
No Estado, os candidatos
ao Senado Jader Barbalho
(PMDB) e Paulo Rocha (PT)
receberam, respectivamente,
1,79 milhão e 1,73 milhão de
votos, mas não aparecem na
apuração da Justiça Eleitoral
pois tiveram as candidaturas
indeferidas pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Por meio de recurso ao Supremo Tribunal Federal, eles
podem derrubar a decisão
desfavorável e buscar a segunda vaga ao Senado, uma
vez que Flexa Ribeiro (PSDB)
venceu o pleito, com 1,81 milhão de votos, e o segundo
colocado, Marinor Brito
(PSOL), obteve 727 mil votos.
Somados, os votos de Barbalho e Rocha representam
57% do eleitorado do Estado.
Isso quer dizer que, se continuarem barrados quando
seus casos forem julgados
pelo STF (Supremo Tribunal
Federal), haverá necessidade
de novas eleições, já que
mais da metade dos votos foram anulados.
O resultado da disputa ao
Senado na Paraíba também
dependerá da decisão da Justiça Eleitoral. O ex-governador Cássio Cunha Lima
(PSDB) foi o mais votado para representar o Estado no
Congresso, com cerca de 1
milhão de votos, mas os votos foram anulados porque
ele foi enquadrado na Lei da
Ficha Limpa.
Se ele não reverter a decisão, vão para o Senado Vitalzinho (PMDB), com 869 mil
votos, e Wilson Santiago
(PMDB), com 820 mil.
MALUF
Já em São Paulo, quase 1,2
milhão de votos foram recebidos por candidatos considerados "fichas-sujas" pela
Justiça Eleitoral.
Esse quadro leva a uma indefinição nas bancadas da
Câmara dos Deputados e da
Assembleia paulista.
Entre os barrados pelo TRE
(Tribunal Regional Eleitoral)
de São Paulo, o mais votado
foi o deputado federal Paulo
Maluf (PP). Ele foi escolhido
por 497 mil pessoas, o terceiro maior índice do Estado,
mas seus votos foram registrados como nulos.
Maluf recorreu ao TSE e,
caso vença, poderá, além de
ocupar a cadeira na Câmara,
aumentar a bancada do PP
na Casa Legislativa, pois a
soma da votação dos candidatos das legendas é levada
em consideração para definir
o tamanho das bancadas.
No atual quadro, o PP tem
duas vagas, mas pode ir a
cinco se os votos de Maluf se
tornarem válidos.
A indefinição sobre os representantes paulistas na
Câmara também ocorre por
conta da expressiva votação
de outros barrados, como
Paulo Roberto Gomes Mansur (PP), que teve 65 mil votos, Francisco Rossi (PDT),
votado por 52 mil pessoas,
Felix Sahão Júnior (PT), que
obteve 42 mil votos, e Airton
Ferreira Garcia (DEM), escolha de 35 mil eleitores.
Na Assembleia, o resultado final pode mudar caso alguns candidatos considerados "fichas-sujas" pelo TRE
revertam a decisão nos tribunais superiores. É o caso do
tucano João Carlos Caramez,
que obteve 98 mil votos, e Luciano Batista, do PSB, votado
por 52 mil pessoas.
(ALINE PELLEGRINI, ELIDA OLIVEIRA, ELTON BEZERRA, FELIPE SELIGMAN,
FILIPE MOTTA E FLÁVIO FERREIRA)
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