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FOCO
Família de correspondente de guerra agora precisa provar que ele foi à guerra
Justiça cassou benefício pago à viúva de Joel Silveira, que cobriu a
campanha brasileira na Itália, porque falta um diploma do Exército
JEAN-PHILIP STRUCK
DE SÃO PAULO
A família de Joel Silveira
(1918-2007), jornalista que
atuou como correspondente
ao lado da FEB (Força Expedicionária Brasileira) na Itália, terá de provar na Justiça
sua participação na Segunda
Guerra Mundial para receber
uma pensão de ex-combatente que foi cancelada.
Autor de sete livros sobre a
guerra, Silveira teve o benefício cassado em 2007, a pedido da Advocacia-Geral da
União, que alegou que ele
não provou sua condição de
ex-combatente: faltou um diploma emitido pelo Exército.
Para a AGU, o fato de Silveira ter atuado na guerra como jornalista "não o caracteriza como ex-combatente".
Após perderem um recurso em fevereiro último, parentes do jornalista pretendem recorrer da decisão no
Superior Tribunal de Justiça
para reaver parte dos pagamentos (R$ 4.000 mensais).
Silveira já havia morrido
quando a pensão foi cancelada. Na época, o benefício havia passado à viúva do jornalista, Iracema -morta em
2010-, que recebeu apenas a
metade de um dos pagamentos antes do cancelamento.
A família espera receber o
pagamento correspondente
aos meses entre a morte de
Silveira e a morte de Iracema.
O valor chega a R$ 200 mil.
Elisabeth da Silveira, 65,
filha de Joel, diz que o valor é
necessário para repor os gastos com despesas médicas
que o escritor e a viúva tiveram no fim da vida: "Tenho o
temperamento do meu pai.
Vou até o fim dessa história".
Para o advogado da família, Antonio Pereira, Silveira
está sendo discriminado por
ter atuado como jornalista.
"Não interessa se ele foi
com um fuzil ou com uma caneta." Uma medalha de campanha recebida por Silveira e
outros documentos já garantem a pensão, diz Pereira.
"Ele se arriscou mais que
muitos combatentes porque
não podia revidar, tinha de
escrever reportagem. Quase
morreu várias vezes", argumenta a filha do escritor.
Na Itália, Silveira usava
uniforme e tinha patente de
capitão concedida pelo Exército. A distinção, porém, era
honorária, como ele próprio
relatou em um de seus livros,
ao mandar um soldado "procurar um oficial de verdade".
Nascido em Sergipe e conhecido como "víbora" por
seu estilo ácido, Silveira foi
mandado à Itália, aos 26
anos, pelo então dono dos
Diários Associados, Assis
Chateaubriand, com a seguinte ordem: "Não me morra. Repórter é para mandar
notícias, não é para morrer!"
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