São Paulo, quarta-feira, 06 de outubro de 2010

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Eleição no RS opõe destinos de expoentes da esquerda jovem

Manuela D'Ávila (PC do B) se reelegeu deputada federal, mas Luciana Genro (PSOL), não

Comunista já é cotada para Prefeitura de Porto Alegre; Genro não pode concorrer enquanto pai, Tarso, governar Estado

GRACILIANO ROCHA
DE PORTO ALEGRE

Elas são articuladas, expoentes da nova esquerda gaúcha e boas de voto. Mas a eleição abriu um fosso entre os destinos políticos de Manuela D'Ávila (PC do B) e Luciana Genro (PSOL).
Reeleita, a deputada comunista, 29, se consagrou com 482.590 votos, quebrando seu próprio recorde de 2006 (271 mil votos) e emergindo como forte aspirante à Prefeitura de Porto Alegre.
Ainda na noite de domingo, no seu primeiro pronunciamento como governador eleito, o petista Tarso Genro fez um gesto a Manuela ao dizer que o PT poderá abrir mão da cabeça de chapa na eleição municipal em favor de um partido aliado.
Questionada se saiu da eleição como pré-candidata a prefeita da capital (cargo que disputou e para o qual obteve 15% dos votos em 2008), a comunista desconversa: "É um sonho que eu tenho, mas 2012 está longe".
O prestígio político de Manuela é tamanho que ela foi a única deputada gaúcha a ser chamada para a reunião que definirá a estratégia de Dilma Rousseff no segundo turno. Do encontro também participaram Tarso e o senador reeleito Paulo Paim (PT).

INFERNO ASTRAL
Após quatro mandatos (dois na Assembleia Legislativa e dois na Câmara dos Deputados), Luciana Genro, 39, atravessa o inferno astral.
Obteve 129.501 sufrágios.
Foi o suficiente para fazer dela a sexta mais bem votada, mas Luciana não estará entre os 31 deputados gaúchos a partir de 2011.
Sua reeleição foi a pique no coeficiente eleitoral -regra pela qual cada coligação precisa de um mínimo de votos (total de votos válidos dividido pela quantidade de cargos em disputa).
No RS, o ponto de corte foi 192 mil votos, e todos os candidatos do PSOL gaúcho tiveram pouco menos de 180 mil, conferindo a Luciana o indesejável título de derrotada com mais votos para a Câmara em todo o país.
"Na eleição deste ano, nossos candidatos a governador e a presidente tiveram menos votos do que em 2006, e os candidatos da majoritária puxam para cima ou ancoram para baixo", explica a congressista sobre o desempenho ter ficado aquém dos 185 mil votos conquistados quatro anos atrás.
Filha de Tarso, ela está legalmente impedida de disputar cargos eletivos no Estado enquanto o pai governar.
Por ironia, Luciana construiu carreira política independente de Tarso. Ela integra um grupo de dissidentes petistas que fundou o PSOL em 2004 e faz oposição ao governo Lula do qual o petista foi ministro. Na política gaúcha, Luciana e Tarso também estão em lados opostos.
"Na prática, estou com os meus direitos políticos cassados, mas vou fazer uma luta jurídica ou política para me candidatar a vereadora ou a prefeita em 2012."
Em 2008, Luciana alcançou 9% dos votos na eleição para a prefeitura da capital.


Colaborou MARTÍN FERNÁNDEZ, enviado especial a Porto Alegre

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