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Eleição no RS opõe destinos de expoentes da esquerda jovem
Manuela D'Ávila (PC do B) se reelegeu deputada federal, mas Luciana Genro (PSOL), não
Comunista já é cotada
para Prefeitura de Porto
Alegre; Genro não pode
concorrer enquanto pai,
Tarso, governar Estado
GRACILIANO ROCHA
DE PORTO ALEGRE
Elas são articuladas, expoentes da nova esquerda
gaúcha e boas de voto. Mas a
eleição abriu um fosso entre
os destinos políticos de Manuela D'Ávila (PC do B) e Luciana Genro (PSOL).
Reeleita, a deputada comunista, 29, se consagrou
com 482.590 votos, quebrando seu próprio recorde de
2006 (271 mil votos) e emergindo como forte aspirante à
Prefeitura de Porto Alegre.
Ainda na noite de domingo, no seu primeiro pronunciamento como governador
eleito, o petista Tarso Genro
fez um gesto a Manuela ao dizer que o PT poderá abrir
mão da cabeça de chapa na
eleição municipal em favor
de um partido aliado.
Questionada se saiu da
eleição como pré-candidata
a prefeita da capital (cargo
que disputou e para o qual
obteve 15% dos votos em
2008), a comunista desconversa: "É um sonho que eu tenho, mas 2012 está longe".
O prestígio político de Manuela é tamanho que ela foi a
única deputada gaúcha a ser
chamada para a reunião que
definirá a estratégia de Dilma
Rousseff no segundo turno.
Do encontro também participaram Tarso e o senador reeleito Paulo Paim (PT).
INFERNO ASTRAL
Após quatro mandatos
(dois na Assembleia Legislativa e dois na Câmara dos Deputados), Luciana Genro, 39,
atravessa o inferno astral.
Obteve 129.501 sufrágios.
Foi o suficiente para fazer dela a sexta mais bem votada,
mas Luciana não estará entre
os 31 deputados gaúchos a partir de 2011.
Sua reeleição foi a pique
no coeficiente eleitoral -regra pela qual cada coligação
precisa de um mínimo de votos (total de votos válidos dividido pela quantidade de
cargos em disputa).
No RS, o ponto de corte foi
192 mil votos, e todos os candidatos do PSOL gaúcho tiveram pouco menos de 180 mil,
conferindo a Luciana o indesejável título de derrotada
com mais votos para a Câmara em todo o país.
"Na eleição deste ano,
nossos candidatos a governador e a presidente tiveram
menos votos do que em 2006,
e os candidatos da majoritária puxam para cima ou ancoram para baixo", explica a
congressista sobre o desempenho ter ficado aquém dos
185 mil votos conquistados
quatro anos atrás.
Filha de Tarso, ela está legalmente impedida de disputar cargos eletivos no Estado
enquanto o pai governar.
Por ironia, Luciana construiu carreira política independente de Tarso. Ela integra um grupo de dissidentes
petistas que fundou o PSOL
em 2004 e faz oposição ao governo Lula do qual o petista
foi ministro. Na política gaúcha, Luciana e Tarso também
estão em lados opostos.
"Na prática, estou com os
meus direitos políticos cassados, mas vou fazer uma luta
jurídica ou política para me
candidatar a vereadora ou a
prefeita em 2012."
Em 2008, Luciana alcançou 9% dos votos na eleição
para a prefeitura da capital.
Colaborou MARTÍN FERNÁNDEZ, enviado especial a Porto Alegre
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