São Paulo, domingo, 06 de novembro de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros ANÁLISE Ação de Lula no bastidor suaviza lado negativo do estilo da petista FERNANDO RODRIGUES DE BRASÍLIA A obsessão pela gestão e pelos detalhes pode se converter em uma característica boa ou ruim para um governante. Depende de como são feitas as compensações para esse tipo de comportamento. No caso de Dilma Rousseff, há um cenário que minimiza o possível aspecto negativo. O quase desdém da presidente pela micropolítica e o uso exagerado do tempo com minúcias do dia a dia da administração são mitigados pela presença constante do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nos bastidores. Quando o PMDB ameaçou se tornar excessivamente indócil, o padrinho de Dilma entrou em campo. A presidente vai à reunião de cúpula do G20, na França? Do leito do hospital, é Lula quem faz as recomendações políticas de fundo sobre a necessidade de jogar a favor da união dos países europeus. Embora aqui e ali tenham surgido rumores sobre um certo estranhamento de Dilma com a proeminência de Lula, nada indica que ambos estejam próximos de algo parecido a um rompimento. E há também vantagens no gosto presidencial por minúcias da rotina diária. Dilma deve ser, talvez, a primeira ocupante do Planalto desde Ernesto Geisel (1908-1996) que se interessa por ler relatórios completos do Banco Central sobre a conjuntura econômica. Não apenas lê, como faz anotações. Não há hipótese de a presidente receber algum interlocutor para tratar de alguma obra ou projeto governamental sem estar devidamente "brifada" a respeito. Aí ocorrem os atrasos. Dilma raramente vai se contentar com primeiras explicações. Fará perguntas adicionais e o encarregado terá de voltar aos estudos. Como o Brasil ainda está em processo de formação estrutural, a sensação é que o método de Dilma parece lento além do desejável. E é mesmo. Mas ainda é cedo para emitir um juízo definitivo sobre essa abordagem no trato da administração. Até porque houve presidentes bem mais apressados no passado -e o país continuou sem grandes reformas. Texto Anterior: Detalhista na gestão, Dilma é criticada por atrasar programas Próximo Texto: Eleições 2012: Martistas declaram apoio a Haddad e se opõem a prévias Índice | Comunicar Erros

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