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PRESIDENTE 40 ELEIÇÕES 2010
Dilma distorce números, e Serra faz críticas periféricas
Petista faz projeções sem base para a educação; tucano não propõe soluções
A julgar pelo debate, as ambições de Dilma são
a reforma tributária e
a regulamentação da emenda sobre a saúde
GUSTAVO PATU
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A petista Dilma Rousseff
distorceu números para superfaturar os méritos do governo Lula, enquanto o tucano José Serra se dedicou a
promessas típicas de governadores e prefeitos, como a
criação de vagas em escolas e
a promoção de mutirões.
O primeiro debate da campanha eleitoral apresentou,
de um lado, a situacionista
que oferece algo entre a continuidade e a mera celebração de feitos reais e imaginários; do outro, o principal
oposicionista que limita quase todas as suas críticas e propostas a aspectos periféricos
da administração federal.
A julgar pelas afirmações
de anteontem à noite, na
Band, as principais ambições
de Dilma para o futuro são a
reforma tributária e a regulamentação da emenda constitucional que disciplina os
gastos em saúde, ambas já
encaminhadas pelo presidente Lula, mas empacadas
no Congresso Nacional.
Há ainda a torcida declarada para a erradicação completa da miséria e ampliação
dos recursos públicos para a
educação para o equivalente
a 7% do Produto Interno Bruto, que seriam um desdobramento natural das conquistas recentes.
SEM BASES
A primeira se baseia em
um estudo do Ipea (Instituto
de Pesquisa Econômica Aplicada) que projeta o fim da pobreza extrema em 2016 caso
seja mantido até lá o ritmo de
melhora da renda contabilizado de 2004 a 2008; os anos
de 2003, de aumento da pobreza, e de 2009, de crise econômica, ficam convenientemente fora da conta.
Já a segunda não tem nem
sequer base conhecida. Pela
última estimativa oficial disponível, os gastos de União,
Estados e municípios em
educação chegaram a 4,7%
do PIB em 2008 -Dilma falou em algo entre 5% e 6%.
Se for mantido o ritmo de
aumento do governo Lula, a
meta mencionada pela petista só seria atingida em 17
anos.
De resto, sobra o rosário de
cifras já disseminado pelo PT
na internet. Algumas consistentes, como a redução da dívida pública de 60% para
42% do PIB, outras enganosas, como a do suposto reajuste real de 74% concedido
ao salário mínimo -o índice
em oito anos ficou pouco acima da metade dos 100% prometidos por Lula para seus
primeiros quatro anos.
Sem contestar a louvação
ao presidente Lula, Serra
concentrou ataques contra a
redução dos mutirões em
saúde, descendo a detalhes
como as cirurgias de próstata
e varizes, e a problemas na
relação do governo com as
associações de apoio a crianças excepcionais.
SEM SOLUÇÕES
Criticou, é verdade, os
atrasos nas obras de infraestrutura e, depois de instado
por um jornalista, as taxas de
juros e a carga tributária,
também elevadas na gestão
tucana. Não apresentou, porém, nenhuma solução -no
máximo, disse que expandirá para o país a experiência
da nota fiscal paulista.
Repetiu ter triplicado o
"nível de investimentos" no
Estado, mas multiplicado
por três, de fato, foi apenas o
valor nominal desses gastos.
Pelo mesmo critério, os investimentos federais, mais
volumosos, teriam sido duplicados no período.
E prometeu acabar com o
loteamento político das estatais, em particular nos Correios, na única objeção ao governo Lula que ultrapassou o
âmbito gerencial.
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