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Marketing custou R$ 44 mi; até russo tentou vender estratégia
Santana acha que Lula cometeu erros, mas saldo final foi positivo
DO ENVIADO A SALVADOR
Neste trecho da entrevista,
João Santana declara que o
custo de marketing da campanha de Dilma Rousseff
atingiu R$ 44 milhões.
Revela que havia dúvidas
entre vários petistas sobre a
capacidade de transferência
de votos de Lula para Dilma.
Em maio passado, alguns
pensavam até em pedir ajuda
a um especialista russo.
Sobre as aparições exaltadas de Lula no final do primeiro turno, Santana cita a
"personalidade vulcânica"
do assessorado.
Às vezes, diz ele, o presidente se esquece de que cenas do palanque serão usadas em telejornais.
(FR)
Folha - Lula errou na parte final do 1º turno, falando em
extirpar o DEM da política?
João Santana - O presidente tem uma personalidade
vulcânica. Sua intuição emocional faz com que ele acerte
bastante, e às vezes cometa
erros. O saldo foi positivo.
Mas houve uma certa overdose no 1º turno?
Na propaganda eleitoral,
não. Uma das coisas mais difíceis era a modulação da
presença de Lula.
Fiz um desenho estático
que considero correto. Dividi
os 45 dias de TV e rádio em
três fases iguais de 15 dias cada uma. A primeira consistiu
em colar bastante Lula a Dilma. Depois, seria preciso atenuar um pouco a presença
dele no meio da campanha.
E, por fim, voltar a colá-los
fortemente no final.
Isso só seria possível se as
pessoas conseguissem enxergar Dilma sem a sombra
luminosa de Lula.
Mas Lula não se excedeu nos
comícios?
De certa forma, sim. Mas
isso é até explicável. A presença de um político no palanque permite certo tipo de
arroubo que a propaganda
eleitoral não comporta.
Acontece que alguém,
quando está no palanque, esquece que trechos editados
de sua fala podem aparecer
em telejornais de grande audiência.
Como Dilma reagiu à operação plástica e a mudar o vestuário?
Variou. A decisão de fazer
a operação plástica, por
exemplo, foi dela. Como toda
mulher, quando se trata de
estética, ela gosta de ela mesma tomar iniciativa. Ou, pelo
menos, de pensar que foi dela a decisão.
Como era sua equipe?
Cerca de 200 pessoas. Alguns já trabalhavam comigo
como Eduardo Costa, braço
direito e um dos grandes responsáveis pelo sucesso.
Outros se reaproximaram
e foram fundamentais, como
Marcelo Kértesz, Lo Politi e
Giovani Lima. Sem falar da
presença essencial de Mônica Moura, minha mulher.
Quanto o sr. cobrou para fazer a campanha?
Propaganda e marketing,
incluindo as pesquisas qualitativas e as quantitativas, foi
um total de R$ 44 milhões.
Há semelhanças entre a transferência de poder do russo
Vladimir Putin para Dmitri
Medvedev, em 2008, e agora
no caso de Lula e Dilma?
É um equívoco absoluto,
uma leitura caricata e ligeira.
A democracia no Brasil é
mais complexa e sofisticada.
Mas isso me faz lembrar uma
história curiosa.
No início de maio, um
emissário não oficial do governo russo mandou um recado. Queria oferecer o que
seria uma técnica que dizia
ser infalível de transferência
de votos baseada na experiência de Putin para Medvedev. Demos muita risada. Recusamos. Mas um ou outro
integrante da campanha chegou a ficar tentado em pelo
menos ouvir os russos.
O episódio demonstra como era imprevisível para alguns a capacidade de Lula de
transferir votos.
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