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Hoje no Senado, ex-governadores criticam lentidão do Legislativo
Novatos reclamam de "comodismo" do Congresso e sugerem alterações
ANDREZA MATAIS
SIMONE IGLESIAS
DE BRASÍLIA
Acostumados com a agilidade do Executivo, a bancada de ex-governadores que
acaba de assumir mandato
de senador se queixa de não
ter o que fazer na Casa e tenta
emplacar mudanças no regimento que tornem o trabalho
no Senado mais ágil.
A maioria se diz estarrecida com o ritmo de trabalho,
que muitas vezes se resume a
horas de debates no plenário
e nas comissões.
"Quem vem do Executivo
sente o freio. É como trocar
um jato por um jegue", diz
Wellington Dias (PT), ex-governador do Piauí, para
quem a Casa pode ser "o melhor lugar do mundo para
não quer fazer nada".
Com críticas em comum, a
bancada de oito ex-governadores que acabaram de trocar o Executivo pelo Legislativo decidiu propor ao presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), medidas para acelerar as votações.
Uma das propostas é que o
Senado tenha uma junta de
conciliação para intermediar
liberação de verbas a obras
paralisadas por falta de recursos federais.
Também propõem uma
subcomissão para discutir o
tratamento a dependentes
químicos, um problema que
atinge vários Estados.
"Minha sensação é que eu
estava num bólido de Fórmula 1 a 300 km/h que de repente freou", resumiu o senador
Eduardo Braga (PMDB), que
governou o Amazonas.
Depois de quatro anos como prefeito, oito como governador e um tempo no setor
privado, o senador Jorge Viana (PT-AC) classificou o Senado como "chocante".
"São reuniões que decidem pouco, um número excessivo de conversas para se
tomar uma decisão. Perde-se
o senso de praticidade. É um
choque violento."
Para Viana, o Senado não
pode se limitar a propor alterações na Constituição.
"O mundo aqui é totalmente desencontrado com a
vida do país, que está numa
dinâmica diferente, tomando
decisões, ousando. O parlamento precisa se encontrar
com essa nova agenda e não
ficar num rito de repetição
permanente", diz o petista.
Ex-governador de Mato
Grosso e dono de uma fortuna de R$ 143 milhões, o senador de primeiro mandato
Blairo Maggi (PR) também
diz ter se decepcionado.
"Estou aborrecido com a
lentidão daqui. Os discursos
no plenário são para mandar
recado ao eleitor, não tem
discussão de país. Há um incômodo com o comodismo."
Ele disse que esta será sua
última experiência na política -quer voltar ao mundo
empresarial após o mandato.
Para o senador Ivo Cassol
(PP), ex-governador de Rondônia, a dinâmica do Senado
explica a má fama da Casa.
"Os senadores acabam
mal falados. Queremos ver
como contribuir para aprovar projetos na mesma velocidade que se aprovou o aumento de salário de deputados e senadores no ano passado", disse ele, numa referência à votação concluída
em apenas cinco minutos.
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