São Paulo, terça-feira, 08 de março de 2011

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Hoje no Senado, ex-governadores criticam lentidão do Legislativo

Novatos reclamam de "comodismo" do Congresso e sugerem alterações

ANDREZA MATAIS
SIMONE IGLESIAS

DE BRASÍLIA

Acostumados com a agilidade do Executivo, a bancada de ex-governadores que acaba de assumir mandato de senador se queixa de não ter o que fazer na Casa e tenta emplacar mudanças no regimento que tornem o trabalho no Senado mais ágil.
A maioria se diz estarrecida com o ritmo de trabalho, que muitas vezes se resume a horas de debates no plenário e nas comissões.
"Quem vem do Executivo sente o freio. É como trocar um jato por um jegue", diz Wellington Dias (PT), ex-governador do Piauí, para quem a Casa pode ser "o melhor lugar do mundo para não quer fazer nada".
Com críticas em comum, a bancada de oito ex-governadores que acabaram de trocar o Executivo pelo Legislativo decidiu propor ao presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), medidas para acelerar as votações.
Uma das propostas é que o Senado tenha uma junta de conciliação para intermediar liberação de verbas a obras paralisadas por falta de recursos federais.
Também propõem uma subcomissão para discutir o tratamento a dependentes químicos, um problema que atinge vários Estados.
"Minha sensação é que eu estava num bólido de Fórmula 1 a 300 km/h que de repente freou", resumiu o senador Eduardo Braga (PMDB), que governou o Amazonas.
Depois de quatro anos como prefeito, oito como governador e um tempo no setor privado, o senador Jorge Viana (PT-AC) classificou o Senado como "chocante".
"São reuniões que decidem pouco, um número excessivo de conversas para se tomar uma decisão. Perde-se o senso de praticidade. É um choque violento."
Para Viana, o Senado não pode se limitar a propor alterações na Constituição.
"O mundo aqui é totalmente desencontrado com a vida do país, que está numa dinâmica diferente, tomando decisões, ousando. O parlamento precisa se encontrar com essa nova agenda e não ficar num rito de repetição permanente", diz o petista.
Ex-governador de Mato Grosso e dono de uma fortuna de R$ 143 milhões, o senador de primeiro mandato Blairo Maggi (PR) também diz ter se decepcionado.
"Estou aborrecido com a lentidão daqui. Os discursos no plenário são para mandar recado ao eleitor, não tem discussão de país. Há um incômodo com o comodismo."
Ele disse que esta será sua última experiência na política -quer voltar ao mundo empresarial após o mandato.
Para o senador Ivo Cassol (PP), ex-governador de Rondônia, a dinâmica do Senado explica a má fama da Casa.
"Os senadores acabam mal falados. Queremos ver como contribuir para aprovar projetos na mesma velocidade que se aprovou o aumento de salário de deputados e senadores no ano passado", disse ele, numa referência à votação concluída em apenas cinco minutos.


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