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PV reage e ensaia rebelião contra Marina
Dirigente acusa senadora de ofender o partido; cúpula ameaça boicotar convenção e anunciar apoio a Serra
Presidente da sigla, José Luiz Penna, organiza reunião às pressas em Brasília para discutir críticas da senadora
BERNARDO MELLO FRANCO
DE SÃO PAULO
As críticas de Marina Silva
ao suposto apetite do PV por
cargos, reveladas ontem pela
Folha, provocaram uma rebelião no comando do partido. Próxima ao PSDB, a cúpula verde ameaça boicotar a
convenção marcada para o
dia 17 e anunciar apoio a José
Serra na semana que vem, à
revelia da ex-presidenciável.
Marina foi duramente atacada em reunião organizada
às pressas pelo presidente da
sigla, José Luiz Penna, em
Brasília. Participaram cerca
de 20 pessoas, algumas com
cargos no governo paulista e
na Prefeitura de São Paulo,
administrada pelo DEM. A
senadora não foi chamada.
No encontro fechado, o
grupo de Penna acusou a
candidata derrotada à Presidência de desrespeitar a cúpula do partido, ao qual se filiou em agosto de 2009.
"Todos ficaram indignados". disse Marcos Belizário,
secretário municipal da Pessoa com Deficiência em São
Paulo. "Estou espantado.
Acho um absurdo a pessoa
comentar isso de seus dirigentes, seus colegas, das
pessoas que se dedicaram à
campanha dela."
OFENSA
Segundo Belizário, aliado
do prefeito Gilberto Kassab
(DEM), Marina teria demonstrado desprezo pela direção
partidária. "Do meu ponto de
vista, foi uma grosseria dela.
Eu me senti ofendido", disse.
Os dirigentes traçaram
uma estratégia para demonstrar poder e minar os planos
da senadora, que tem indicado que pretende se declarar
neutra no segundo turno.
Penna convocou uma reunião da Executiva Nacional
do partido na próxima quarta-feira, em Brasília. O encontro pode precipitar a decisão da legenda, que havia sido adiada para o dia 17, a pedido da candidata derrotada.
Na Executiva, em que Marina tem apenas 10 de 60 votos, a tendência é pela aprovação do apoio a Serra, mesmo que os filiados sejam liberados para tomar outras posições em caráter pessoal.
Para reduzir a desvantagem numérica, a senadora
havia convencido a cúpula
partidária a transferir a decisão sobre o segundo turno a
um colegiado mais amplo,
com a participação de ambientalistas, religiosos e militantes do Movimento Marina
Silva, incluindo delegados
sem filiação ao PV.
Ontem, a Folha revelou
que, em reunião fechada
com aliados, Marina criticou
o apetite de dirigentes do
partido por cargos. Ela ironizou a notícia de que o PSDB
ofereceria quatro ministérios
em troca do apoio a Serra.
"Quatro ministérios pro
PV... Caramba! Do jeito que
tem gente aí, basta pensar
num conselho de estatal, já
estaria muito bom. Certo?
Tem esse tipo de mentalidade", disse a senadora.
Marina pretende divulgar
hoje uma versão resumida de
seu plano de governo, a ser
entregue aos candidatos Serra e Dilma Rousseff (PT).
A senadora dá sinais de
que pretende influenciar o
debate eleitoral e arrancar
compromissos dos dois presidenciáveis sem se comprometer com apoio a um deles.
Se a ideia for levada à frente, Marina dirá que deu sua
contribuição ao país e que
quem votou nela no primeiro
turno agora pode julgar livremente as promessas de Dilma e Serra para fazer sua escolha. Na visão de aliados, a
senadora poderia dividir seu
eleitorado e perder o discurso de terceira via ao declarar
apoio a PT ou PSDB.
Ontem, Marina cancelou
reunião com a direção do PV
e não fez aparições públicas.
A assessoria de Penna disse que ele não foi localizado.
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