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Falta verba definida para ampliar programas sociais
Análise das contas revela que fontes de recursos para a área estão no limite
Realidade financeira põe em xeque promessa eleitoral de patrocinar novo ciclo de expansão no próximo governo
GUSTAVO PATU
DE BRASÍLIA
O sucessor -ou a sucessora- do presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumirá
sem recursos definidos para
patrocinar um novo ciclo de
expansão dos programas sociais, o que põe em xeque
promessas como a ampliação do Bolsa Família e dos
gastos em saúde sem promover aumento de tributos.
Segundo levantamento
feito pela Folha, as contas do
governo mostram que, mesmo com recordes de arrecadação, as fontes exclusivas
de dinheiro para a área social
deixaram de ser suficientes
para bancar com segurança
os compromissos em Previdência, assistência, saúde e
amparo ao trabalhador.
O orçamento da seguridade social, cujas receitas e
despesas são definidas pela
Constituição, já havia contabilizado em 2009 o primeiro
deficit desde a década de 90.
Aquele resultado ainda
poderia ser considerado efeito temporário da crise global;
o de agora evidencia o esgotamento do caixa federal.
No ano passado, os gastos
com aposentadorias, pensões, auxílios, benefícios a
idosos e deficientes, seguro-desemprego, prevenção e
tratamento de doenças superaram em R$ 34 bilhões as receitas das contribuições, taxas e loterias destinadas ao
financiamento do setor.
De janeiro a junho deste
ano, a economia e a arrecadação se recuperaram e os
números melhoraram, mas
continuaram no vermelho: o
deficit, ficou na casa dos R$ 3
bilhões. O melhor momento
do crescimento econômico,
porém, já ficou para trás.
Os governos FHC e Lula
promoveram forte aumento
dos gastos da seguridade. O
salário mínimo teve reajuste
superior a 120% acima da inflação, o dobro da expansão
do PIB; os benefícios assistenciais foram multiplicados; a população envelheceu
e passou a demandar mais
Previdência e saúde.
Quando o petista chegou
ao governo, em 2003, a seguridade tinha um superavit
modesto, insuficiente para
acomodar o aumento de despesas que viria com medidas
como o Estatuto do Idoso e a
criação do Bolsa Família.
Como seu antecessor, Lula
recorreu ao aumento de tributos. Com a criação da contribuição previdenciária dos
servidores inativos e novas
legislação e alíquotas para a
Cofins (Contribuição para o
Financiamento da Seguridade Social), o dinheiro passou
a sobrar e até ajudar no abatimento da dívida pública.
A folga acabou com a extinção da CPMF, derrubada
pelo Congresso em 2007, e se
transformou em deficit quando a crise de 2009 e as eleições de 2010 deram novo impulso às despesas, como o recente reajuste às aposentadorias superiores ao mínimo.
Também foram reduzidas
as possibilidades de direcionar à seguridade sobras de
outras fontes: o governo tem
tido problemas para cumprir
as metas fiscais da política
econômica e são crescentes
as necessidades de recursos
para obras de infraestrutura.
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