São Paulo, sexta-feira, 09 de setembro de 2011

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Banco Central indica que voltará a reduzir os juros

Instituição prevê crise global menos intensa que a de 2009, mas prolongada

Presidente do BC nega interferência de Dilma e diz que estratégia de combate à inflação ainda será reconhecida

DE BRASÍLIA
DE SÃO PAULO


O Banco Central indicou que voltará a reduzir os juros e previu que a crise global atingirá o Brasil com menos força desta vez do que durante a recessão global de 2009.
O BC reduziu a taxa básica de juros de 12,5% para 12% na semana passada, interrompendo a série de aumentos sucessivos iniciada em janeiro para controlar a inflação.
Em documento divulgado ontem para justificar a medida, o BC afirmou que a crise global fará a economia brasileira esfriar e isso ajudará a conter os preços sem a necessidade de juros maiores.
O BC descartou a possibilidade de que "eventos extremos" como os que levaram à recessão de 2009 se repitam, mas indicou que aposta num período prolongado de turbulência na economia mundial.
A inflação acumulou variação de 7,23% nos últimos 12 meses, segundo o IPCA, principal índice de preços do país, ultrapassando o teto da meta oficial deste ano, 6,5%.
Segundo o BC, os fatores que contribuíram para a alta da inflação nos últimos meses se tornaram menos preocupantes e a tendência daqui para frente é "declinante".
Muitos economistas consideraram a decisão do BC na semana passada precipitada e acusaram a instituição de ceder a pressões políticas que sofreu para baixar os juros.
Em entrevista ao "Jornal Nacional", da TV Globo, o presidente do BC, Alexandre Tombini, disse que a presidente Dilma Rousseff não interfere em seu trabalho e que o acerto das decisões do BC ficará evidente com o tempo.
"A partir do momento que a inflação começar a cair mais fortemente, isso permitirá a sociedade entender melhor [...] essa estratégia", afirmou.
O BC prevê que a inflação chegará ao fim deste ano abaixo de 6,5% e se aproximará no ano que vem de 4,5%, o centro da meta estabelecida pelo governo.

OTIMISTAS
Economistas que analisaram o documento divulgado pelo Banco Central consideraram muito otimistas as previsões feitas pela instituição para o comportamento da inflação nos próximos meses.
O economista-chefe do banco Santander, Maurício Molan, prevê que o IPCA terá uma variação de 5,7% no próximo ano, ainda bem distante do objetivo central perseguido pelo Banco Central.
"Teria que ocorrer uma crise mais severa do que a projetada pelo BC para que a inflação convirja para o centro da meta em 2012", disse.
Ele prevê que o BC fará mais dois cortes na taxa básica de juros até o fim deste ano, reduzindo-a para 11%.
O economista André Biancareli, da Unicamp, concorda com a avaliação do BC de que a desaceleração da economia mundial ajudará a frear a inflação no Brasil.
Ele observou que boa parte da pressão inflacionária deste ano veio de alimentos e matérias-primas negociadas no mercado internacional, cujos preços serão afetados pela turbulência global.
Mas o economista Luiz Roberto Cunha, da PUC do Rio, acha que o impacto da crise sobre o valor dessas mercadorias não será tão intenso como na recessão de 2009.
(EDUARDO CUCOLO, MARIANA CARNEIRO e MARIANA SCHREIBER)



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