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Empresa de diretor de estatal fechou contratos com o governo
Firma de eventos ganhou R$ 1,8 mi de ministério e da Petrobras
DE SÃO PAULO
Homem de confiança de
Dilma Rousseff (PT) no setor
elétrico há mais de 20 anos, o
diretor da EPE (Empresa de
Pesquisa Energética), Ibanês
César Cássel, é sócio de uma
empresa de eventos que multiplicou seu patrimônio com
contratos com a União.
A Capacità, cuja sócia-administradora é a mulher de
Cássel, Eliana de Fátima Azeredo, ganhou R$ 1,8 milhão
em contratos com o governo,
sobretudo com o Ministério
do Desenvolvimento Agrário
(R$ 737,7 mil) e com a Petrobras (R$ 938,7 mil), revelou
ontem o jornal "O Globo".
Segundo levantamento
feito na semana passada pela
Folha na Junta Comercial de
Porto Alegre, Cássel tornou-se sócio da empresa em 15 de
outubro de 2004. À época, o
capital social era de R$ 140
mil. Hoje, são R$ 2 milhões.
Os contratos foram ganhos
depois que ele assumiu o cargo. Ele entrou na sociedade
seis meses antes de ser indicado para a EPE. A nomeação
foi assinada por Dilma, então
ministra de Minas e Energia,
e pelo presidente Lula, no dia
19 de abril de 2005.
Uma semana antes de ser
nomeado, Cássel e sua mulher alteraram o contrato para ampliar o ramo de atividade da empresa.
O contrato mais alto se refere à "Conferência Internacional de Reforma Agrária e
Desenvolvimento Rural", de
março de 2006, com o Ministério do Desenvolvimento
Agrário. O ministro é Guilherme Cassel. Os dois fizeram
carreira na Secretaria de Fazenda do Rio Grande do Sul.
O contrato de R$ 737,7 mil
foi firmado por meio de pregão eletrônico para organização de show na reitoria da
Universidade Federal do Rio
Grande do Sul e ciclo de cinema e mostra fotográfica.
No caso da Petrobras, a Capacità recebeu R$ 438,7 mil
pela "cerimônia de batismo"
da P-53, firmado por meio de
"carta convite". Também ganhou R$ 400 mil para a Conferência das Cidades, e de R$
100 mil para patrocínio do
evento intitulado "Porto Alegre: Uma Visão de Futuro".
A trajetória de Cássel no
setor elétrico acompanha a
de Dilma. Ambos foram "brizolistas" e filiados ao PDT.
Cássel foi diretor da CEEE
(Companhia Estadual de
Energia Elétrica) quando Dilma chefiava a Secretaria de
Minas e Energia. Depois, passou por outras empresas públicas de energia.
A EPE foi criada em 2004
por Dilma para subsidiar o
planejamento do setor energético, incluindo leilões de
energia. O comando da empresa está nas mãos do PT. O
presidente é Maurício Tomalsquim.
OUTRO LADO
O diretor da EPE afirmou
na quarta-feira que "não tem
nenhuma participação na
gestão da Capacità". "Não há
conflito de interesses", disse.
"Não há nenhuma ingerência ou favorecimento deste diretor ou do cidadão Ibanês em nenhum contrato firmado pela Capacità, seja
com empresas ou entidades
públicas ou privadas."
Eliana Azeredo disse que o
marido não tem relação com
a empresa. "Ele nunca me
ajudou em nada."
A Petrobras afirmou que,
no caso da cerimônia da P-53, "participaram seis empresas, e a vencedora apresentou a proposta com menor
preço". "O projeto foi uma
oportunidade para a Petrobras reforçar a sua imagem
de empresa comprometida
com a responsabilidade social e ambiental", afirmou.
"Como cada projeto é único e tem propriedade intelectual, não há concorrência e,
portanto, não cabe licitação", disse, sobre patrocínios: "A Petrobras leva em
consideração os aspectos
técnicos da proposta, e não a
composição acionária".
O Ministério do Desenvolvimento Agrário disse que
participaram da conferência
de reforma agrária delegações de 93 países.
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