São Paulo, sábado, 09 de outubro de 2010

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Empresa de diretor de estatal fechou contratos com o governo

Firma de eventos ganhou R$ 1,8 mi de ministério e da Petrobras

DE SÃO PAULO

Homem de confiança de Dilma Rousseff (PT) no setor elétrico há mais de 20 anos, o diretor da EPE (Empresa de Pesquisa Energética), Ibanês César Cássel, é sócio de uma empresa de eventos que multiplicou seu patrimônio com contratos com a União.
A Capacità, cuja sócia-administradora é a mulher de Cássel, Eliana de Fátima Azeredo, ganhou R$ 1,8 milhão em contratos com o governo, sobretudo com o Ministério do Desenvolvimento Agrário (R$ 737,7 mil) e com a Petrobras (R$ 938,7 mil), revelou ontem o jornal "O Globo".
Segundo levantamento feito na semana passada pela Folha na Junta Comercial de Porto Alegre, Cássel tornou-se sócio da empresa em 15 de outubro de 2004. À época, o capital social era de R$ 140 mil. Hoje, são R$ 2 milhões.
Os contratos foram ganhos depois que ele assumiu o cargo. Ele entrou na sociedade seis meses antes de ser indicado para a EPE. A nomeação foi assinada por Dilma, então ministra de Minas e Energia, e pelo presidente Lula, no dia 19 de abril de 2005.
Uma semana antes de ser nomeado, Cássel e sua mulher alteraram o contrato para ampliar o ramo de atividade da empresa.
O contrato mais alto se refere à "Conferência Internacional de Reforma Agrária e Desenvolvimento Rural", de março de 2006, com o Ministério do Desenvolvimento Agrário. O ministro é Guilherme Cassel. Os dois fizeram carreira na Secretaria de Fazenda do Rio Grande do Sul.
O contrato de R$ 737,7 mil foi firmado por meio de pregão eletrônico para organização de show na reitoria da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e ciclo de cinema e mostra fotográfica.
No caso da Petrobras, a Capacità recebeu R$ 438,7 mil pela "cerimônia de batismo" da P-53, firmado por meio de "carta convite". Também ganhou R$ 400 mil para a Conferência das Cidades, e de R$ 100 mil para patrocínio do evento intitulado "Porto Alegre: Uma Visão de Futuro".
A trajetória de Cássel no setor elétrico acompanha a de Dilma. Ambos foram "brizolistas" e filiados ao PDT.
Cássel foi diretor da CEEE (Companhia Estadual de Energia Elétrica) quando Dilma chefiava a Secretaria de Minas e Energia. Depois, passou por outras empresas públicas de energia.
A EPE foi criada em 2004 por Dilma para subsidiar o planejamento do setor energético, incluindo leilões de energia. O comando da empresa está nas mãos do PT. O presidente é Maurício Tomalsquim.

OUTRO LADO
O diretor da EPE afirmou na quarta-feira que "não tem nenhuma participação na gestão da Capacità". "Não há conflito de interesses", disse.
"Não há nenhuma ingerência ou favorecimento deste diretor ou do cidadão Ibanês em nenhum contrato firmado pela Capacità, seja com empresas ou entidades públicas ou privadas."
Eliana Azeredo disse que o marido não tem relação com a empresa. "Ele nunca me ajudou em nada."
A Petrobras afirmou que, no caso da cerimônia da P-53, "participaram seis empresas, e a vencedora apresentou a proposta com menor preço". "O projeto foi uma oportunidade para a Petrobras reforçar a sua imagem de empresa comprometida com a responsabilidade social e ambiental", afirmou.
"Como cada projeto é único e tem propriedade intelectual, não há concorrência e, portanto, não cabe licitação", disse, sobre patrocínios: "A Petrobras leva em consideração os aspectos técnicos da proposta, e não a composição acionária".
O Ministério do Desenvolvimento Agrário disse que participaram da conferência de reforma agrária delegações de 93 países.


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