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Métodos de institutos de pesquisa são criticados
Motivo é resultado fora da margem de erro em parte das disputas do dia 3
Mauro Paulino, do Datafolha, afirma que técnica usada hoje é a melhor, mas que precisa de ajustes pontuais
DE SÃO PAULO
Institutos de pesquisas
eleitorais admitem que não é
possível obter resultados rigorosamente precisos em
suas projeções a cada eleição, mas defendem a metodologia utilizada atualmente
para apurar as intenções de
votos no Brasil.
Eles entendem, no entanto, que são necessários ajustes pontuais a cada pleito para calibrar melhor a apuração das intenções de votos.
Alguns institutos vêm sendo criticados neste ano por
não terem acertado, dentro
dos limites das margens de
erro divulgadas, os percentuais finais de votos válidos
de alguns candidatos a presidente, governador e senador.
Jairo Nicolau, professor de
ciência política da Uerj, por
exemplo, diz que, além de
problemas metodológicos, o
excesso de pesquisas aumenta as chances de erro e
que a mídia, ao dar demasiado destaque aos resultados,
acaba gerando uma sensação de "absolutização".
José Ferreira de Carvalho,
professor aposentado da
Unicamp, afirma que "os erros observados nas eleições
não são casuais".
"Eles refletem um problema metodológico grave dos
institutos, que aplicam à
amostragem por cotas [como
sexo, idade, escolaridade e
renda] uma fórmula que vale
apenas para a amostragem
probabilística."
AMOSTRAGEM
Na amostragem probabilística, todos os eleitores têm
chances iguais de serem sorteados pelos pesquisadores.
Na por cotas, há uma delimitação prévia do total de indivíduos por alguns critérios.
O diretor-geral do Datafolha, Mauro Paulino, diz ser
"inviável" a mudança da
amostragem de cotas para
probabilística no Brasil. Isso
foi feito na Inglaterra a partir
de 1992, por exemplo.
"A cobertura de telefonia
fixa no Brasil não é suficiente
para representar o total da
população. Até poderíamos
considerar os celulares, mas
não existem listas de celulares no Brasil. Por isso, descartamos o método probabilístico, que é o que os estatísticos acadêmicos mais cobram", diz Paulino.
Para uma pesquisa probabilística pura, face a face, seria preciso que ela fosse domiciliar. Isso levaria pelo menos duas semanas. O início
da pesquisa já estaria defasado em relação ao seu final,
argumenta Paulino.
Cristiano Ferraz, professor
de estatística da Universidade Federal de Pernambuco,
admite a dificuldade em realizar pesquisas probabilísticas no Brasil por conta da ausência de uma ampla cobertura telefônica.
Mas afirma que as pesquisas baseadas em cotas "não
são científicas". "Estudos
mostram que as flutuações
nas estimativas por cotas são
bem maiores do que na aleatória (probabilística)."
Apesar da dificuldade em
alterar completamente o método (de cotas para probabilístico), os institutos fazem
alterações periódicas nos levantamentos após o resultado de eleições e ao constatar
falhas nas previsões.
"A cada eleição, sempre
que termina um turno, há
reuniões de avaliação, e, nos
lugares onde houve problemas, o Datafolha avalia o que
deu errado", diz Paulino.
"Estamos reavaliando alguns lugares. São Paulo e
Distrito Federal, principalmente, onde haverá segundo
turno. Vamos comparar os
dados oficiais da eleição com
os da pesquisa no detalhe.
Onde houver imprecisões,
investigaremos o problema."
O Ibope também afirma
que faz esse tipo de revisão.
Mas, segundo Márcia Cavallari, diretora do instituto,
não são necessárias mudanças na metodologia utilizada.
"Não se trata de problema
metodológico, trata-se da
complexidade da eleição de
primeiro turno com vários
cargos, vários candidatos."
Cavallari concorda que a
amostragem probabilística é
impraticável no Brasil. "A celeridade do processo eleitoral exige uma metodologia
que seja rápida para acompanhar a opinião dos eleitores."
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