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País melhorou e jornais negam, diz Franklin
Para ministro, meios agem como partido, mas esse é preço que se paga pela liberdade
VAGUINALDO MARINHEIRO
ENVIADO ESPECIAL A BRUXELAS
A imprensa brasileira faz
muitas bobagens. Muitas vezes age como um partido político, mas esse é um preço
baixo que se paga pela liberdade de expressão.
Essa é a opinião do ministro Franklin Martins (Secretaria de Comunicações), que
endossa as críticas feitas pelo
presidente Lula pouco antes
do primeiro turno.
"Minha convicção, que é
também a do presidente Lula, é que a imprensa tem de
ser livre para dizer o que quiser. Mas é preciso haver também liberdade para dizer o
que se quer sobre ela. Os governos precisam de críticas
fundamentadas, e a imprensa também", afirmou.
Franklin falou à Folha no
trem que o levava ontem de
Londres para Bruxelas, onde
se encontrou com Neeli
Kroes, responsável na Comissão Europeia pelas questões digitais no continente.
O ministro está na Europa
para convidar especialistas a
participar de seminário no
próximo mês que irá discutir
um marco regulatório para
meios eletrônicos no Brasil.
Ele falou que parte da imprensa está tomando um caminho errado, o que poderá
distanciá-la do leitor. Leia
abaixo um resumo das opiniões do ministro sobre os
principais temas discutidos.
Imprensa
Quem deve julgar a mídia
é o público, a sociedade. Não
é uma questão de lei, de governos. Alguns jornais e revistas estão tomando um caminho equivocado. A função
da imprensa é informar, não
ditar os caminhos que o país
deve seguir. Do contrário, vira órgão de partido.
Os meios impressos têm o
direito de ser órgãos de partido, claro, mas vão se distanciar do leitor. Nenhuma manchete de jornal substitui a experiência das pessoas. E elas
estão sentindo que o país melhorou. Não adianta jornais
dizerem o contrário.
Publicidade pública
O governo federal adotou
critérios técnicos para a distribuição da propaganda oficial. Hoje, as rádios de todas
as cidades com mais de 20
mil habitantes recebem propaganda do governo. Mas é
bobagem dizer que o governo está comprando o apoio
dessas rádios. Algumas recebem R$ 4.500 por ano.
É dinheiro para pagar a
conta de luz. É importante,
mas não faz a rádio adotar
uma postura pró-governo.
Meios eletrônicos
O ministério quer concluir
até o final do ano uma proposta de regulação dos meios
eletrônicos. Isso será bom
para todo mundo. As teles
não vão se opor porque uma
definição das funções dará a
elas segurança para investir.
Pode até ser que uma ou
outra queira produzir conteúdo, mas elas devem focar
naquilo em que são boas,
que é a tráfego de dados. É aí
que elas ganham dinheiro.
Neutralidade da internet
A internet tem de ser neutra. Isso significa que quem
tem as linhas de transmissão
não pode ter vantagens na
distribuição de seu conteúdo
ou dar prioridade a quem paga mais por isso.
Esse tema precisa ser regulamentado para garantir a
competição. Por isso é necessário definir uma regulamentação para meios eletrônicos.
Mas esse marco não pode ser
muito detalhista, e é necessário que sejam previstas atualizações porque tudo nessa
área muda rapidamente.
Devem ser definidos princípios gerais para que a agência regulatória decida para
garantir os direitos dos consumidores e dos cidadãos.
Programação regional
As televisões não devem ficar contra a proposta do marco regulatório. A discussão
amadureceu, é melhor fazer
parte dela, para influir no resultado, que ficar de fora.
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