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FOCO
PRESIDENTE 40 ELEIÇÕES 2010
"Se recebi Fidel, por que não o PT?", indaga Lily sobre Dilma
Marlene Bergamo/Folhapress
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Lily e Dilma observadas por Jandira Feghali, na casa da viúva de Roberto Marinho
MÔNICA BERGAMO
COLUNISTA DA FOLHA
Dilma Rousseff (PT) chegou antes de boa parte das
convidadas ao almoço oferecido para ela ontem, no Rio,
por Lily Marinho, viúva de
Roberto Marinho, das Organizações Globo.
Eram 13h quando a petista
foi recebida pela anfitriã na
porta da célebre mansão cor-de-rosa do Cosme Velho, aos
pés do Cristo Redentor, onde
o casal recebeu por décadas
governantes do mundo todo
para jantares memoráveis.
"Se o Roberto recebeu Fidel Castro aqui, por que eu
não posso receber o PT?",
disse Lily à Folha, num cenário emoldurado por flamingos rosas que nadam nos lagos da mansão -as aves foram presente do cubano, que
esteve no Rio em 1992.
Um músico dedilhava ao
piano e garçons de luvas
brancas serviam champanhe
Dom Perignon. "Ô, Jandira,
toma um golinho pra mim
porque senão vou ficar gorda
igual a um boi", disse Dilma
à ex-deputada Jandira Feghali (PC do B), passando
discretamente a ela a "flûte".
Dilma se sentou perto de
Lily, em cadeira de rodas por
causa de uma queda. "Que tipo de música você gosta?",
perguntou a anfitriã. "Clássica. Gosto de Bach", respondeu a candidata. "Ela toca
piano e fala francês", revelou
uma amiga de ambas a Lily.
"Eu tinha curiosidade de
conhecê-la", explicava Lily.
Não, repetia, ela não vai oferecer almoço a José Serra
(PSDB) e Marina Silva (PV),
adversários de Dilma na
campanha presidencial.
"Eu não sou política. Se ficarem com ciúmes, o que
posso fazer? Nada."
Aos poucos, o quorum aumentou. "A Lily estava um
pouco ansiosa porque muitas têm até medo de chegar
perto do PT e da Dilma. Mas
todo mundo está chegando,
graças a Deus", dizia uma
amiga da anfitriã.
Na hora do almoço, Dilma
e Lily dividiram a mesa com a
economista Maria da Conceição Tavares, a escritora Nélida Piñon, a produtora Lucy
Barreto e a colunista Hildegard Angel, entre outras.
A conversa girou em torno
de amenidades. "Todos os
candidatos homens já fizeram plástica. To-dos", dizia
Dilma. E as pesquisas eleitorais? "Deixa eu ficar no empate [com Serra] que tá
bom", respondeu a petista.
No cardápio, tartare de salmão com maçã e funcho e filé
de cherne com banana caramelada, passas e urucum do
chef Claude Troisgros.
Antes da sobremesa, Lily
leu um rápido discurso. Disse
que ofereceu o almoço para
homenagear "a senhora D, a
senhora democracia".
E que
seria um privilégio ouvir "a
outra senhora D, Dilma
Rousseff, que se propõe a ser
a primeira mulher presidente
do Brasil".
Dilma fez um discurso sob
medida. Falou de educação,
família e cultura -e das "lutas de milhares de brasileiras
anônimas". "Eu acho que
chegou a nossa hora!" Cantarolou com Alcione ao microfone -e se despediu de Lily:
"Te espero na minha posse".
A candidata se foi e as amigas formaram roda para comentar. "Ela está segura, senhora de si", dizia Andrea
Agnelli, mulher do presidente da Vale, Roger Agnelli.
"Achei importante ela falar
de educação", disse Beth Floris, dona da editora Ediouro.
Dona Lily gostou. "Vou fazer 90 anos. Sou velha para
votar. Mas acho que, se votasse, seria na Dilma."
Colaborou MARLENE BERGAMO, enviada
especial ao Rio
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