São Paulo, domingo, 10 de julho de 2011

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PR comanda máquina do Dnit em 9 Estados e no DF

Domínio do partido se estende por malha de 25 mil km de rodovias federais

Além dos escritórios regionais, indicados pela legenda gerenciam os principais setores da pasta dos Transportes

BRENO COSTA
RUBENS VALENTE
NATUZA NERY
DE BRASÍLIA

Além de controlar a cúpula do Ministério dos Transportes e do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) no governo Dilma Rousseff, o PR estende seu domínio aos escritórios do órgão em nove Estados e no Distrito Federal.
Os postos são responsáveis pelas obras numa malha superior a 25 mil quilômetros de rodovias federais.
Na última quarta-feira, o presidente do partido, Alfredo Nascimento, deixou o cargo de ministro dos Transportes sob suspeita de conivência com um esquema de corrupção dirigido pelo PR.
O Dnit desembolsou R$ 7,7 bilhões em obras só no ano passado. O órgão é responsável pelas operação, manutenção, restauração e construção das rodovias sob o controle da União.
Em São Paulo, o superintendente do Dnit é filiado ao PR desde 2003. O partido é controlado no Estado pelo deputado Valdemar da Costa Neto (SP), presidente de honra da sigla e réu na ação penal do mensalão no STF (Supremo Tribunal Federal).
O Dnit tem 23 superintendências (quatro respondem por mais de um Estado), e a metade delas é comandada por servidores com filiação partidária. Dos 12 com registro na Justiça Eleitoral, sete pertencem ao PR.
Há nove anos no domínio dos Transportes, o PR controla o Dnit em AL, AM, RR, GO, MS, AP, PA, SP, SE e no DF.
O levantamento feito pela Folha considerou só os superintendentes com filiação registrada. No Espírito Santo, por exemplo, o superintendente não é filiado, mas a imprensa local informa que foi indicado ao cargo pelo PR.
Em Mato Grosso, o superintendente é filiado ao PPS, embora seja da cota do senador Blairo Maggi (PR-MT), que foi sondado para assumir o ministério após a demissão de Nascimento.
Blairo também indicou o diretor-geral do Dnit, Luiz Antonio Pagot, afastado por causa do escândalo. O ministro interino, Paulo Sérgio Passos, é do PR desde 2006.
Duas das mais importantes áreas do ministério também estão nas mãos da legenda: a subsecretaria de Assuntos Administrativos, responsável pelas licitações, e a Secretaria de Fomento para Ações de Transportes, que coordena a aplicação do Fundo da Marinha Mercante e do Fundo Nacional de Infraestrutura de Transportes.
Um irmão do senador Magno Malta (PR-ES), também filiado ao partido, ocupa a chefia da assessoria parlamentar do Dnit e faz a ponte com o Congresso.
Dos cinco integrantes da diretoria colegiada do órgão, Pagot e Hideraldo Caron (PT) têm filiação partidária, e outros três são ligados ao PR. Em entrevista à Folha, Pagot disse que "Hideraldo manda tanto quanto" ele.
Valdemar disse em nota que "desde 2003, por força dos cargos que ocupou e ocupa na hierarquia partidária, é signatário compulsório de todas as indicações de quadros filiados ao PR para o desempenho de funções na administração pública".
Segundo o deputado, isso "inclui os quadros cuja indicação têm origem nos comitês e diretórios estaduais do PR". "Todos os que ingressaram na função pública através do PR (...) contaram com o apoio e a indicação de Costa Neto", conclui a nota.


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