São Paulo, domingo, 10 de outubro de 2010

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Dilma quer evitar clima de crise no 1º debate

Equipe teme que mau desempenho hoje aumente pessimismo que marcou início da semana pós-primeiro turno

Cartilha para atrair voto perdido no fim do mês pede que petista fuja de tom radical sem passar imagem de fraqueza

VALDO CRUZ
DE BRASÍLIA

ANA FLOR
ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA

A Dilma Rousseff do segundo turno tem de ser "firme, mas não arrogante", evitando que a "Rousseff" atropele a "Dilma".
É preciso também transmitir a mensagem de uma mulher preocupada com a "família brasileira".
As recomendações fazem parte da cartilha da equipe de Dilma e de aliados para os debates, entrevistas e comícios do segundo turno contra o tucano José Serra.
Há, porém, na base de apoio da candidata, um temor de que se instale um clima de crise caso ela não se saia bem no debate de hoje na Band. O resultado do Datafolha foi considerado "bom" pela equipe da candidata, que apesar da margem percentual apertada, ressalta que em votos válidos a diferença é positiva para Dilma.
Segundo um aliado, não há motivos para crise nesse momento, mas a situação pode mudar se perdurar o "pessimismo" que marcou o início da semana passada.
O presidente do partido e um dos coordenadores da campanha, José Eduardo Dutra, reconheceu que houve frustração por causa da expectativa de vitória em 3 de outubro. Reservadamente, alguns assessores admitiram um clima de "desânimo".
Na opinião de aliados, a coordenação da campanha de Dilma transformou a vitória em derrota, consumindo os dias seguintes ao primeiro turno com discussão de falhas e ouvindo críticas. Agora, dizem, o desafio é evitar que o pessimismo "contamine" a militância.
Para isso, o PT foi mobilizado para atuar fortemente nas bases. Aliados regionais foram também acionados. O partido programa para a próxima semana um grande evento, em uma capital ainda não definida, para ser um marco na mobilização do segundo turno.
Segundo um governador aliado, apenas amanhã, pós-debate da Band e com base no resultado das primeiras pesquisas, será possível ter uma "exata noção da realidade" e traçar estratégias reais para a fase final.
Governadores dilmistas creem na vitória, mas avaliam que pode ser mais difícil do que o previsto, com tensões na campanha, caso o desempenho inicial no segundo turno seja negativo.
Um deles teme que a tendência de queda na intenção de voto do final do primeiro turno não tenha sido interrompida. Segundo ele, uma parcela do eleitorado está "discutindo a relação" com a petista e esse grupo pode estar influenciando outros.
A aposta é que esse eleitor acabará voltando para Dilma. Em Belo Horizonte, na semana passada, eleitores chegaram a dizer à candidata que votaram em Marina Silva no primeiro turno, mas estavam dispostos a votar na petista no segundo turno.
Para atrair esse eleitorado, a equipe de Dilma diz que ela não pode adotar um tom radical nesse segundo turno, fugindo da pecha de arrogante e destemperada, sem passar, porém, a imagem de fraca e insegura.
Para afastar qualquer risco de crise, será fundamental também, segundo assessores e aliados, manter a qualidade dos programas de TV do primeiro turno. Defendem, porém, maior participação de políticos e cenas da candidata com eleitores nas ruas.
Pouco ouvidos no primeiro turno, aliados regionais criticaram o que classificaram de despolitização da campanha na TV. O ajuste já começou a ser feito na sexta-feira, quando vários recém-eleitos apareceram pedindo voto para a candidata.


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