São Paulo, terça-feira, 11 de janeiro de 2011

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Temer pediu passaporte especial para filho

Vice, assim como ministros, também solicitaram visto de turismo; OAB diz que é imoral

MARIA CLARA CABRAL
MÁRCIO FALCÃO
DE BRASÍLIA

O vice-presidente da República, Michel Temer, ministros de Dilma Rousseff, além de líderes partidários, solicitaram passaportes diplomáticos e vistos para turismo, muitos deles com familiares, segundo dados da Câmara.
Dados da segunda-secretaria revelam que Temer, então presidente da Casa, solicitou, em abril do ano passado, passaporte diplomático para seu filho, Michel Temer Filho, 2. Também solicitou visto de turismo para Marcela Temer e o filho irem a Nova York, e para o próprio deputado ir a Dubai.
O atual ministro de Relações Institucionais, Luiz Sérgio, que até o ano passado era deputado, pediu visto de turismo para seu filho, Filipe Veríssimo de Oliveira, e para ele irem a Nova York.
Outro ministro e ex-deputado que usou a prerrogativa foi Pedro Novais (Turismo), que pediu à Câmara passaporte diplomático para a companheira, Maria Helena de Melo, e visto para Miami.
Os pedidos constam de relatório que engloba metade da atual Legislatura. Vão de fevereiro de 2009 até ontem.
Dos 662 vistos, 577 foram para turismo e só 69 para missões diplomáticas.
A concessão de passaporte diplomático para congressistas e seus dependentes é legal. O presidente da OAB, Ophir Cavalcanti, no entanto, diz que é imoral um parlamentar pedir o documento e o visto para fazer turismo.
"Não há no mundo precedente a esse privilégio", diz.
O presidente da Câmara e candidato do PT para ficar no cargo, Marco Maia (RS), disse que "é bobagem perder tempo com essa discussão". "Me estranha que o presidente da OAB tenha dado essa declaração sobre a Câmara e não sobre os outros Poderes."
Maia também solicitou, em junho de 2009, a revalidação do passaporte diplomático de sua companheira.
Na semana passada, a Folha revelou que o Itamaraty deu o documento a dois filhos maiores de idade e um neto de 14 anos do ex-presidente Lula. O Itamaraty disse que a decisão foi tomada "em caráter excepcional" e por "interesse do país".
Consta também na Câmara um pedido de visto de turismo feito pelo ministro da Casa Civil e ex-deputado, Antonio Palocci, para ir a Nova York de 17 e 23 de março do ano passado.
Palocci negou que tenha solicitado um visto para fazer turismo e que nesse período estava em Cancún participando de uma reunião do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento).
Líderes do Congresso também pediram passaporte diplomático e vistos de turismo. O líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), pediu para sua mulher, Maria de Lourdes Medauar, ir a Miami.
Já o líder do PT, Fernando Ferro (PE), pediu o documento para sua filha, Flaira Fernanda Ferro, e sua cônjuge, Thereza Cardoso.
Geddel Vieira Lima fez diversos pedidos à Câmara: para o filho Geddel Filho, a filha Marianna Lima e a cônjuge, Alessandra Lima. E o líder do PMDB, Henrique Eduardo Alves (RN), pediu um visto para Priscila Alves. O Senado se recusou a informar quais congressistas pediram esse tipo de visto.

Colaborou GABRIELA GUERREIRO, de Brasília


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