São Paulo, segunda-feira, 11 de julho de 2011

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Nomeação política é "desejável", diz Dirceu

Em resposta a FHC, petista defende partilha de cargos e diz que tensão entre aliados é "estado da arte" da democracia

Ex-ministro de Lula rebate artigo de tucano e diz que oposição tenta se apropriar de marcas dos governos do PT

DANIELA LIMA
DE SÃO PAULO


Articulador da aliança que levou o ex-presidente Lula ao Planalto em 2002, o ex-ministro José Dirceu (Casa Civil) afirma, em artigo inédito, que as indicações políticas são "desejáveis" e a tensão entre aliados é o "estado da arte" da democracia.
O petista rebate artigo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso ("O Papel da Oposição"), publicado na revista "Interesse Nacional" de abril e antecipado pela Folha, em que o tucano criticou as gestões petistas e disse que a oposição deve se repensar para voltar ao poder.
Dirceu devolve a acusação, feita por FHC, de que o PT teria patrocinado o aparelhamento do Estado e bloqueado investimentos em infraestrutura por temer o impacto do envolvimento da iniciativa privada na área.
"Ocorre que nas hostes oposicionistas é costumeira a confusão entre o que se constitui loteamento de fato e o desejável e necessário preenchimento de cargos do alto escalão com critérios não somente técnicos, mas políticos", afirma.
"Em suma, não se pode atrair para funções-chave na administração pública pessoas alheias ou contrárias ao rumo maior de um governo -o que seria, inclusive, estelionato eleitoral", conclui.
Dirceu diz que a oposição tenta se apropriar de marcas dos governos petistas. "A tentativa tucana de reivindicar a paternidade das políticas bem-sucedidas do governo Lula e do PT se espraia (...) ao Bolsa Família -a despeito das seguidas críticas que sempre teceram."

"NOSSO GOVERNO"
No artigo, o petista faz defesa veemente das gestões de Lula e de sua sucessora, Dilma Rousseff, que chama de "nosso governo".O ex-ministro defende uma política ampla de alianças e rechaça a tese de que o PT teria perdido sua identidade ideológica ao se unir a partidos de centro e centro-direita, como o PMDB e o PR.
Para ele, disputas resultantes desse aglutinamento de siglas são a "expressão saudável do jogo político".
"A acusação insustentável de que abandonamos nossa ideologia só pode partir daqueles que, hoje, encontram-se órfãos de um projeto alternativo a apresentar", diz.
"Esse frágil dedo em riste se sustenta sobre uma compreensão estanque da política, que ignora, ou se esqueceu, de que um governo democrático tem na tensão permanente seu verdadeiro estado de arte", ataca.
O artigo de FHC causou polêmica porque o ex-presidente pregou que a oposição deveria desistir de tentar conquistar o "povão" e passar a mirar na classe média.
Segundo Dirceu, o texto do tucano pode ser dividido em dois grandes blocos: um que reconhece as fragilidades programáticas da oposição ("avaliação que merece ser reconhecida pela coragem", ele afirma) e outro que pretende reestruturar o discurso oposicionista "sem amparo na realidade".
A resposta de Dirceu será publicada na próxima edição da revista "Interesse Nacional", com o título "O papel do PT e da Oposição no Brasil".
Foi escrita antes de o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, pedir a condenação do autor a pena de até 111 anos de prisão por envolvimento no mensalão.
Ao escrever, o petista também não sabia das acusações que derrubariam o ex-ministro Alfredo Nascimento (Transportes), que chegou ao primeiro escalão do governo por indicação do PR.
O artigo do petista também estará disponível na internet, no site da revista: interessenacional.uol.com.br.


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