São Paulo, quinta-feira, 11 de agosto de 2011

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Número 2 ensina a criar empresa de fachada

Secretário-executivo do Ministério do Turismo indicou "prédio moderno" para empresário interessado em convênio

Diálogo gravado com autorização judicial sugere envolvimento de cúpula de ministério com desvios de verbas

DE SÃO PAULO
DO ENVIADO A MACAPÁ


Uma conversa gravada com autorização judicial sugere que a cúpula do Ministério do Turismo envolveu-se diretamente com um esquema de desvio de recursos da pasta para uma ONG e um grupo de empresas privadas.
Divulgado pelo "Jornal Nacional", da TV Globo, o diálogo mostra o secretário-executivo do ministério, Frederico Silva da Costa, orientando um empresário a procurar um imóvel que servisse de fachada para um convênio com o ministério.
"Pega um prédio moderno, meio andar, fala que está com uma sede que está em construção", diz Costa ao empresário Fábio Mello. "O importante é a fachada, tem que ser uma coisa moderna que inspira confiança em relação ao tamanho das coisas que vocês estão fazendo".
Segundo o Ministério Público Federal, Mello é um dos empresários que recebeu dinheiro do Ibrasi (Instituto Brasileiro de Desenvolvimento de Infraestrutura Sustentável), ONG que assinou com o ministério convênio de R$ 4 milhões para realizar cursos e estudos no Amapá.
Costa e outras 35 pessoas foram presas pela Polícia Federal na terça-feira, acusadas de envolvimento com o desvio desses recursos. Ontem, 18 foram liberadas após prestar esclarecimentos. As demais permanecem detidas na penitenciária de Macapá.
As investigações apontaram vários indícios de irregularidades na contratação de fornecedores que deveriam executar os serviços previstos no convênio da ONG.
Segundo o Ministério Público Federal, empresas de fachada fraudaram tomadas de preço feitas pelo Ibrasi para que empresas ligadas aos próprios diretores da ONG fossem contratadas. Notas fiscais irregulares teriam sido usadas para justificar pagamentos a essas empresas.
Relatório apresentado pelo Ministério Público à Justiça para justificar os pedidos de prisão diz que os indícios encontrados até aqui tornam "evidente a omissão dolosa do Ministério do Turismo".


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