|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
PRESIDENTE 40 ELEIÇÕES 2010
Temer virou vice contra a vontade de Lula
Presidente tentou emplacar Meirelles, mas presidente do PMDB argumentou que, sem ele, não haveria aliança
Deputado consolidou seu poder no partido no 2º mandato de Lula, com o enfraquecimento da ala ligada a Sarney
KENNEDY ALENCAR
DE BRASÍLIA
Paulista de Tietê, Michel
Temer, 69, virou vice de Dilma Rousseff contra a vontade da candidata do PT e do
presidente Luiz Inácio Lula
da Silva. Foi escolhido porque, sem ele, não seria viabilizada a aliança PT-PMDB.
No segundo mandato de
Lula, dois aliados de primeira hora de Lula e adversários
internos de Temer no PMDB
caíram em desgraça: o presidente do Senado, José Sarney (AP), e o líder da bancada peemedebista na Casa,
Renan Calheiros (AL).
Abriu-se, então, o caminho para que Temer, presidente nacional do PMDB, e
seus aliados na Câmara dos
Deputados consolidassem o
controle do partido.
Sem a ala de Temer, seria
impossível fechar a aliança
que garantirá a Dilma o
maior tempo no horário eleitoral gratuito. O preço: indicá-lo vice da petista e abrir
espaço nos Estados para candidatos do PMDB em detrimento de nomes do PT.
MEIRELLES
Lula até tentou emplacar o
atual presidente do Banco
Central, Henrique Meirelles,
como vice de Dilma.
Meirelles se filiou ao
PMDB no final de setembro
passado, pouco antes do fim
prazo legal para se habilitar a
disputar um cargo em 3 de
outubro. Lula imaginava
usar a popularidade recorde
e a subida de Dilma nas pesquisas para impor Meirelles.
O presidente do BC chegou
a dizer que deixaria o cargo
até o início de abril, fim do
prazo legal para poder concorrer. Lula deu corda, mas
Temer não aceitou.
Numa conversa franca
com Meirelles, disse que apenas a indicação dele, presidente do partido, garantiria a
aliança. O mesmo recado foi
dado a um auxiliar direto do
presidente. Lula preferiu não
pagar para ver.
Hoje, Lula e Temer têm
boa relação. Não era assim.
No primeiro mandato, Temer
liderou o grupo oposicionista
do PMDB -ala que havia
apoiado a candidatura presidencial derrotada de José
Serra (PSDB) em 2002.
POSSE DE LULA
Ao tomar posse na Presidência, Lula fez questão de
prestigiar seus aliados peemedebistas de primeira hora,
como Sarney e Renan. Não
oficializou aliança com todo
o PMDB, contrariando recomendação do então chefe da
Casa Civil, José Dirceu.
Ao longo do primeiro governo, Lula compôs com
uma ala do PMDB, dando-lhe
dois ministérios. Durante o
escândalo do mensalão, com
a perda de popularidade, Lula enfrentou CPIs e sofreu
derrotas na Câmara.
Convencido de que precisava do PMDB para ter blindagem no Congresso, Lula
cedeu ao partido no segundo
mandato. A sigla hoje tem
seis ministros.
Começava a transição de
Temer da oposição para a situação. PT e PMDB fecharam
acordo para se revezar na
presidência da Câmara.
ALIADO CONFIÁVEL
Em 2007, peemedebistas
apoiaram o petista Arlindo
Chinaglia para comandar a
Casa. Em 2009, o PT retribuiu
e elegeu Temer, que já fora
escolhido presidente da Câmara em 1997 e 1999 -ambas
as vezes no governo de Fernando Henrique Cardoso, ao
qual deu suporte.
Na crise do Senado, enquanto Sarney se enfraquecia, Temer se mostrou um
aliado mais confiável até do
que o petista Chinaglia. Bancou reinterpretação das MPs
(medidas provisórias) que
preservou o poder de Lula e
desobstruiu a pauta de votação. Lula nunca mais sofreu
com CPIs na Câmara, mas, no
Senado, continuava com
maioria instável e causadora
de mais dores de cabeça.
Amigo de Serra e visto como o mais tucano dos peemedebistas, Temer agrega o
perfil conciliador e conservador à durona e radical Dilma.
Professor de direito, exerce o
sexto mandato de deputado
federal pelo PMDB paulista.
Antes de ser eleito deputado pela primeira vez, em
1986, foi procurador-geral do
Estado de São Paulo (1983-84) e secretário de Segurança
Pública do Estado (1984-86).
Texto Anterior: Frases Próximo Texto: Em convenção, Temer deve ter 85% dos votos Índice
|