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Representante de Niemeyer critica reforma do Planalto
Em carta, mandatário do arquiteto diz que trabalho é de péssima qualidade
Iphan reconhece erros, mas diz que 80% deles já foram resolvidos e que a estrutura não sofreu danos com obra
JOHANNA NUBLAT
SIMONE IGLESIAS
DE BRASÍLIA
"O que está sendo feito é
de péssima qualidade. Estou
perplexo diante de tanto descaso e despreparo."
O trabalho em questão é a
reforma do Palácio do Planalto, e a crítica foi feita em
carta escrita por Carlos Magalhães, representante em
Brasília do arquiteto e autor
do prédio, Oscar Niemeyer.
Os problemas na restauração se arrastam desde fevereiro, quando a obra do palácio deveria ter sido entregue
à Presidência. A conclusão
foi adiada três vezes.
Se não houver novo adiamento, o presidente Lula voltará a trabalhar no palácio
em agosto.
A carta, a qual a Folha teve acesso, foi enviada em
abril ao Iphan (Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), um dos responsáveis pela fiscalização.
Antes disso, Niemeyer escreveu à Presidência pedindo para que sua equipe
acompanhasse a obra. A solicitação não foi atendida.
AS FALHAS
O principal problema
constatado foi a má qualidade da mão de obra, com reflexos variados, chegando até
ao questionamento sobre a
segurança da estrutura.
Os pontos questionados
são falha na colocação do piso externo e dos espelhos internos, furos desnecessários
na madeira do piso original
para passar fiação e desnivelamento significativo na altura do teto entre as salas.
Mudanças na parte exterior do palácio foram constatadas pela reportagem.
Nas colunas lisas de mármore -referência do prédio e
marca do arquiteto- foram
colocados frisos metálicos e
antenas. As pedras portuguesas do piso externo foram
postas de forma inadequada.
OUTRO LADO
O superintendente do
Iphan no DF, Alfredo Gastal,
reconhece erros de execução, mas afirma que 80% dos
problemas apontados pela
equipe de Niemeyer, e também identificados pelo
Iphan, foram resolvidos.
Gastal disse que a estrutura
do prédio não foi danificada.
A Folha pediu várias vezes
à Presidência para ter acesso
à obra. A solicitação foi reiteradamente negada e, por isso, não foi possível comprovar se os problemas ainda
permanecem.
Segundo o Exército, designado como responsável pela
obra, a falha nos espelhos foi
identificada "no recebimento provisório e a empresa tem
um prazo legal de 90 dias para corrigir".
"Foi detectada a necessidade de melhor ajustar ao
projeto a paginação do assentamento da pedra portuguesa, o que está sendo feito
sem custo adicional", disse.
Não há furos desnecessários nos pisos, continua o
Exército, mas "espaços destinados à instalação de caixas
de tomadas, executados de
acordo com o projeto".
O Exército alegou que a
mão de obra "está dentro do
padrão nacional" e que não
foram registradas "nenhuma
deficiência relevante". Se
houver correção necessária,
diz a instituição, será feita
pelas empresas.
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