São Paulo, domingo, 12 de setembro de 2010

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ESTÁ NA CARA

Sorrisos sociais e forçados

DAVID MATSUMOTO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Nesta semana conheci os principais candidatos ao governo de Minas Gerais, Hélio Costa (PMDB) e Antonio Anastasia (PSDB).
Costa me pareceu dissimulado. No primeiro vídeo, um trecho de uma propaganda no qual ele aparece na ponte do Porto Alencastro, suas sobrancelhas estavam o tempo todo tensionadas para baixo e juntas, como se ele estivesse forçando muito a vista ou se concentrando demais.
Num momento, vi uma microexpressão de desgosto, o que achei inapropriado.
Quando ele fala sobre os carros que passam pela ponte, para aproveitar o preço mais baixo de combustível, ele dá um pequeno e rápido sorriso que eu achei fora de lugar.
Ele estava feliz com os carros ou em fazer esse discurso?
Algo estava errado.
Num outro trecho da propaganda, Costa sorriu o tempo todo. Mas não um sorriso de verdadeiro prazer e sim um sorriso social. Sorrisos sociais aqui e ali não são ruins. São, na verdade, parte necessária da vida social.
Mas, neste caso, o sorriso parecia fixo em seu rosto, como que colado. Parecia que ele estava tentando muito se passar por agradável. Para mim, no entanto, fez sua mensagem ficar dissimulada.
O fato de que ele estava falando sobre diferenças de impostos também contribuiu para a minha impressão de um homem calculista. Frio e racional, talvez, e não falando do coração.
Anastasia pareceu mais honesto com seus sentimentos no primeiro dos dois vídeos sobre ele que assisti, aparentemente ambos gravados em estúdio.
Ele parece preocupado e, em muitas ocasiões, mostra microexpressões de tristeza e angústia, especialmente quando fala sobre a situação dos professores. Suas expressões demonstraram que ele se importa realmente com o assunto. Ele também deu um sorriso rápido quando disse sobre sua proposta de programa Professor da Família.
Ele realmente parece ter orgulho disso.
Infelizmente, porém, no seu segundo vídeo, veio aquele mesmo sorriso forçado e social que notei em Costa. Isso demonstra uma falta de aparência genuína e sincera.

Mostra microexpressões de tristeza e angústia, especialmente quando fala sobre a situação dos professores. Suas expressões demonstraram que ele se importa realmente com o assunto
sobre Antonio Anastasia

Num momento, vi uma microexpressão de desgosto, o que achei inapropriado. Quando ele fala sobre os carros que passam pela ponte, ele deu um pequeno e rápido sorriso que eu achei fora de lugar
sobre Hélio Costa


Em depoimento a FERNANDA EZABELLA, em Los Angeles

DAVID MATSUMOTO é professor de psicologia da Universidade de San Francisco (EUA) e fundador da Huminell, empresa de serviços para análises de comportamento não-verbal


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