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Omissões marcam debate sobre pré-sal
Candidatos defendem Petrobras e evitam discutir papel de grupos estrangeiros em novos campos de petróleo
Ex-ministra deturpa declaração de assessor tucano, e Serra tenta se distanciar de modelo que partido defende
RICARDO BALTHAZAR
DE SÃO PAULO
Os dois candidatos à Presidência esconderam o jogo no
debate de domingo ao discutir o futuro da Petrobras e a
participação de grupos privados na exploração dos campos de petróleo do pré-sal.
A petista Dilma Rousseff
afirmou que o tucano José
Serra tem a intenção de "privatizar" os novos campos de
petróleo, mas omitiu o fato
de que o sistema que ela defende também permite que
empresas privadas se associem à Petrobras no pré-sal.
Serra prometeu "fortalecer" a Petrobras, mas não
pronunciou uma palavra sobre o modelo proposto por
seu partido, que obrigaria a
Petrobras a competir com
grupos estrangeiros para ter
acesso às novas reservas.
Foi Dilma quem introduziu o assunto no debate, citando de maneira deturpada
uma entrevista recente do ex-diretor-geral da ANP (Agência Nacional do Petróleo) David Zylbersztajn, colaborador da campanha de Serra.
Dilma disse que Zylbersztajn é "a favor da privatização do pré-sal", mas na entrevista ele se limitara a defender a manutenção do modelo de concessões em vigor
desde 1997, que força a Petrobras a competir com as multinacionais do setor em leilões
organizados pelo governo.
O sistema proposto pelo
presidente Luiz Inácio Lula
da Silva para o pré-sal, que
ainda depende da aprovação
do Congresso para ser adotado, prevê que a Petrobras ganhará pelo menos 30% dos
novos campos e será a principal responsável pelos investimentos que serão feitos.
Esse modelo inibe a entrada de grupos estrangeiros no
pré-sal, mas não a proíbe.
Multinacionais e companhias brasileiras como a
OGX, do bilionário Eike Batista, poderão se associar à
Petrobras nos futuros leilões.
CONTROLE
O governo decidiu mudar
as regras para abocanhar
uma fatia maior dos lucros
que espera extrair do pré-sal.
Ele também quer ter mais
controle sobre o ritmo dos investimentos e a escolha dos
fornecedores de sondas, navios e outros equipamentos.
Mas a Petrobras não tem
capacidade financeira para
explorar sozinha as gigantescas reservas do pré-sal. Por
isso os tucanos defendem a
manutenção do sistema de
concessões, mais atraente
para grupos estrangeiros.
Serra lembrou no domingo
que o presidente do PT, José
Eduardo Dutra, que presidiu
a Petrobras no início do governo Lula e agora é um dos
coordenadores da campanha
de Dilma, elogiou no passado as mudanças feitas pelos
tucanos no setor de petróleo.
Mas Serra não se comprometeu com nenhum dos modelos em discussão e preferiu
se distanciar das opiniões de
assessores como Zylbersztajn. "Eu tenho cabeça própria", disse, sem esclarecer o
que vai fazer se for eleito.
"Serra tem medo desse debate", afirmou o diretor do
Centro Brasileiro de Infraestrutura, Adriano Pires, outro
colaborador dos tucanos.
"Qualquer crítica é encarada
como se você estivesse torcendo contra a seleção brasileira na Copa do Mundo."
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