São Paulo, segunda-feira, 13 de junho de 2011

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Áreas sob gestão exclusiva do governo vão pior no PAC

Apenas metade dos recursos governamentais previstos foi gasta até 2010

TCU aponta que bom desempenho do setor privado faz com que média dos gastos no programa chegue a 88%

DIMMI AMORA
DE BRASÍLIA

O PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) concluiu apenas metade do que estava previsto em seu lançamento nas áreas em que os recursos eram aplicados pelo governo ou por estatais.
É o que aponta o TCU (Tribunal de Contas da União) em seu relatório sobre as contas do governo de 2010.
Segundo o TCU, a média de execução orçamentária do programa chegou a 88%, mas esse percentual só foi alcançado por causa do desempenho do setor privado, que superou o previsto.
De acordo com o órgão, em três setores (saneamento, habitação popular e recursos hídricos) o PAC-programa gerenciado em quase todo o governo passado pela atual presidente, Dilma Rousseff- concluiu menos de 10% do previsto.
Quando o programa é dividido por áreas, apenas 4 entre as 16 conseguiram finalizar 2010 com desempenho acima do previsto -o que, segundo o TCU, denota eficiência no gasto.
Entre elas, três funcionam com recursos públicos usados pela iniciativa privada (total ou parcialmente): rodovias, habitação de mercado e recursos do Fundo da Marinha Mercante.
Em estradas, o governo encerrou 2010 anunciando ter concluído obras num total de R$ 43 bilhões. Mas R$ 19 bilhões são concessões de rodovias, com obras feitas ao longo de 25 anos -de acordo com o TCU, R$ 2,2 bilhões foram de fato gastos.

CRÍTICAS
A maior crítica do relatório, contudo, está no setor de habitação de mercado -como são chamados os financiamentos obtidos por famílias e empresas para comprar ou construir imóveis.
Sozinho, esse setor concluiu R$ 217 bilhões, sendo responsável por quase metade de todos os gastos do PAC anunciados pelo governo (R$ 444 bilhões).
"A dificuldade reside em aceitar esses valores como tendo sido aplicados na infraestrutura brasileira, porque eles não o foram de fato", diz o relatório do TCU.
Já no setor habitacional, que era de responsabilidade efetiva do governo, o PAC teve seu pior desempenho.
A previsão em 2007 era que governo gastasse R$ 16,9 bilhões nessa área, mas conseguiu concluir apenas 2%, atingindo 24 mil famílias.
Os valores não incluem o Minha Casa, Minha Vida, criado depois do PAC.
A análise específica desse programa mostra que o governo conseguiu chegar à meta de 1 milhão de contratos. Ainda assim, só 238 mil unidades ficaram prontas -das quais 92 mil são para famílias que recebem até três salários mínimos.
O relatório também mostra que os problemas que o país vive com aeroportos poderiam ter sido resolvidos pelo PAC, em 2007. Dos R$ 3 bilhões para reformas no setor, apenas 10% tinham gastos encerrados em 2010.


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