|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
"Fichas-sujas" conseguem poucas doações
Maior parte dos barrados pela Justiça é financiada com recurso próprio ou do partido
ELIDA OLIVEIRA
ESTELITA HASS CARAZZAI
DE SÃO PAULO
Além de estarem impedidos pelos TREs (Tribunais
Regionais Eleitorais) de concorrer nas eleições deste ano,
os candidatos enquadrados
na Lei da Ficha Limpa enfrentam a falta de doações de
pessoas físicas e jurídicas para suas campanhas.
Levantamento feito pela
reportagem nas prestações
parciais de contas no TSE
(Tribunal Superior Eleitoral)
de 152 candidatos barrados
pela Justiça Eleitoral revela
que, dos 50 fichas-sujas que
declararam receita, 56% têm
como principal fonte de recursos o próprio bolso ou
doações feitas ao comitê.
Apenas dez deles (20%) receberam doações diretas de
pessoas jurídicas, e só o candidato ao Senado Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) teve
apoio financeiro do partido.
Para 14 desses 50 candidatos, o dinheiro próprio foi a
única fonte de recursos da
campanha, como no caso do
ex-senador e candidato ao
governo de Rondônia Expedito Júnior (PSDB).
Expedito colocou R$ 78
mil do bolso na campanha
deste ano -100% do que arrecadou. Em 2006, quando
concorreu (e foi eleito) ao Senado, o político conseguiu
R$ 220 mil no primeiro mês
de campanha -quase duas
vezes mais do que neste ano.
Entre os fichas-sujas que
financiaram toda a campanha com gastos próprios, o
candidato a deputado federal Manoel Salviano Sobrinho (PSDB-CE) foi o que mais
gastou: R$ 125 mil.
Já as doações ao comitê
partidário foram a principal
fonte de recursos de seis fichas-sujas, incluindo o ex-governador e candidato ao
Senado Ivo Cassol (PP-RO).
O nome de quem faz esse
tipo de doação só aparece na
prestação final de contas do
próprio comitê, e não na do
candidato, como uma espécie de doação "oculta".
Ronaldo Lessa (PDT), candidato ao governo de Alagoas, é um dos quatro cuja
candidatura foi bancada exclusivamente pelo comitê
-R$ 1 milhão.
O coordenador da campanha de Cunha Lima, Gustavo
Nogueira, diz que "é fato"
que o indeferimento da candidatura "impacta, porque
os doadores não sabem se ele
vai obter ou não o registro."
Texto Anterior: Rio de Janeiro: Cabral silencia sobre vídeo em que chama jovem de "otário" e "sacana" Próximo Texto: Outro lado: Para candidatos, dificuldades são "permanentes" Índice
|