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Candidatos "esquecem" suas propostas
Focados em criticar e rebater rivais, presidenciáveis ignoram temas como segurança pública
Educação e saúde, dois assuntos que inquietam os eleitores, acabaram sendo abordados só
de forma superficial
DE SÃO PAULO
Concentrados nas trocas
de acusações e insultos, Dilma Rousseff (PT) e José Serra
(PSDB) protagonizaram um
debate pobre em termos de
propostas de governo.
A segurança pública, por
exemplo, que sempre figura
nas pesquisas de opinião entre os temas que mais preocupam os eleitores, foi ignorada pelos candidatos no debate Folha/RedeTV!.
No último bloco, Serra só
pronunciou a palavra "segurança", sem expor projetos.
Dilma citou pelo menos 20
números, entre investimentos financeiros e populações
beneficiadas. Quase todos,
entretanto, referiam-se a programas executados pelo presidente Lula, não a projetos
que ela pretende implementar caso seja eleita.
Educação e saúde, outros
temas que inquietam os eleitores, foram abordados superficialmente.
Dilma defendeu que os
gastos do governo federal
com educação sejam obrigatoriamente de ao menos 7%
do PIB (produto interno bruto). Falou da ampliação de
escolas técnicas e universidades federais com Lula.
Ela abordou o tema educação após ser questionada por
Plínio de Arruda Sampaio
(PSOL), que chamou as escolas públicas de "lixo".
O assunto saúde também
foi colocado em pauta por
uma pergunta de Plínio. Serra respondeu que pretende
regulamentar a emenda 29, o
trecho da Constituição que fixa os valores mínimos que
União, Estados e prefeituras
devem investir na saúde.
A regulamentação da
emenda 29 se arrasta há anos
no Congresso. Sem a regulamentação, o poder público
tem incluído na conta da saúde gastos que não possuem
relação direta com o SUS.
"Eu mesmo, quando era
ministro da Saúde, articulei
com o Congresso a sua aprovação. O governo Lula não
deixou que fosse votada",
afirmou Serra.
A candidata Marina Silva
(PV), por sua vez, prometeu
apoiar a reforma agrária e a
agricultura familiar. "O extrativista não tem sido levado
em conta nos programas de
reforma agrária", criticou.
PROPOSTAS ACEITAS
Questionada por seus adversários, Dilma reconheceu
duas propostas deles como
necessárias. "Acho importante reduzir o imposto sobre
o saneamento", concordou
ela, depois de Serra defender
a redução desse imposto.
Em seguida, Dilma ouviu
Marina sugerir uma medida
para coibir o vazamento de
informações fiscais sigilosas:
todo acesso a esses dados deveria ser justificado, registrado e avisado à pessoa a quem
os dados se referem.
"As medidas que você propõe são bem razoáveis", disse a candidata do PT.
Também foram abordadas
questões como as relações
com o Irã, mudanças climáticas, habitação, o Bolsa Família e economia -sempre de
forma superficial.
"Precisamos de um segundo turno para que se debata
com profundidade os temas
que interessam ao Brasil",
disse Marina ao despedir-se
do debate.
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