São Paulo, domingo, 14 de agosto de 2011

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ANÁLISE ESCÂNDALOS NO GOVERNO

No primeiro mandato, Dilma é a presidente que mais demitiu

Palocci, Nascimento e Jobim, os ministros que caíram em oito meses, construíram suas saídas do governo


NÃO SE SABE SE DILMA ALGUM DIA SURPREENDERÁ E COLOCARÁ NA RUA UM MINISTRO POR DECISÃO PRÓPRIA


FERNANDO RODRIGUES
DE BRASÍLIA

A diferença numérica não é grande, mas Dilma Rousseff estabeleceu um novo recorde de demissão de ministros no início de governo para uma presidente eleita pelo voto direto e exercendo seu primeiro mandato.
Três ministros já saíram neste ano da administração federal. Depois que o Brasil retornou à democracia, em 1985, o máximo que um presidente eleito de maneira direta e em primeiro mandato demitiu foram dois ministros ao começar a governar.
Foi assim com Fernando Collor e Fernando Henrique Cardoso. Cada um deles demitiu dois ministros até a metade do primeiro ano de seus mandatos. Lula foi a exceção, pois ninguém perdeu a cadeira na Esplanada até agosto de 2003, ano em que o petista chegou ao Planalto.
José Sarney, primeiro presidente civil pós-ditadura e eleito de forma indireta, também demitiu pouco no início de seu governo: só dois.
Itamar Franco demitiu seis ministros nos seus primeiros meses no Planalto. Mas ele não havia sido eleito para o cargo. Era vice-presidente e assumiu depois do processo de impeachment de Collor, em 1992. Com uma base de apoio frágil, Itamar alterou muito sua equipe.
Depois de reeleitos, Lula e FHC passaram a demitir mais. Tanto o petista como o tucano se livraram de dez ministros cada no início de seus segundos mandatos.
Como a democracia brasileira ainda é jovem não há como dizer se já se estabeleceu um padrão no manejo dos recursos humanos no alto escalão: presidentes reeleitos tenderiam a demitir mais no segundo mandato.
Também é cedo para afirmar que Dilma tem maior propensão a demitir do que seus antecessores. As demissões até agora não se deram por vontade inicial da presidente ou por investigação do governo. Os próprios ministros construíram suas saídas.
Antonio Palocci (Casa Civil) multiplicou seu patrimônio muitas vezes em 2010. Alfredo Nascimento (Transportes) rodeou-se de assessores acusados de desvio de dinheiro. Nelson Jobim (Defesa) declarou ter votado em José Serra e menosprezou colegas de ministério.
Pode-se dizer que Palocci, Nascimento e Jobim quase se auto-demitiram. Não se sabe se Dilma algum dia surpreenderá e colocará na rua um ministro por decisão própria depois de o governo ter investigado de maneira independente, sem que a mídia tenha ainda mostrado algum malfeito na Esplanada.


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