São Paulo, quarta-feira, 14 de setembro de 2011

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Dilma espera que Pedro Novais se demita do Turismo

Vice-presidente Michel Temer também dá sinais de que não deseja mais manter seu correligionário no cargo

Ideli Salvatti cobra explicações de Novais publicamente; PMDB já discute nomes para eventual substituto


NATUZA NERY
MARIA CLARA CABRAL
DE BRASÍLIA

O ministro do Turismo, Pedro Novais, 81, ficou isolado ontem ao perder o apoio de setores do PMDB que ainda apostavam na chance de sua manutenção.
A presidente Dilma Rousseff demonstrou a aliados sinais de que espera que o ministro peça demissão.
A avaliação geral no Executivo é que a situação do titular da pasta ficou ainda mais delicada após reportagem da Folha revelar que ele usou recursos públicos para pagar uma governanta.
O deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), a única liderança do partido que saiu em defesa de Novais ontem à tarde, à noite já discutia no partido nomes para a sucessão do ministro.
Nem mesmo o vice-presidente Michel Temer dá demonstrações de que deseja manter o correligionário.
Segundo a Folha apurou, o Planalto prefere uma saída "a pedidos", pois uma demissão à revelia poderia acentuar a insatisfação da legenda em relação ao governo.
O partido reclama do pouco espaço político nas decisões e das nomeações represadas para o segundo escalão do governo.
Para dois importantes interlocutores da presidente, entre manter o ministro alvejado por denúncias e administrar o desgaste de uma nova baixa, a segunda opção ainda parece a melhor.
Em nove meses, Dilma perdeu quatro auxiliares diretos, três deles por problemas de ordem ética.
Conforme relatos obtidos pela Folha, a presidente ficou irritada ao tomar conhecimento de mais uma polêmica envolvendo o auxiliar.
Há nove meses, Novais já havia sido acusado de custear as despesas de um motel com dinheiro da Câmara.
Recentemente, sua pasta estava no centro de investigação policial que prendeu vários servidores da pasta.
A nomeação de Pedro Novais nunca foi vista com entusiasmo pela presidente Dilma. A indicação só vingou porque Eduardo Alves, líder influente na bancada, chancelou o nome do aliado.

REFORMA MINISTERIAL
Para o PMDB, a melhor alternativa seria aguardar uma reforma para exonerar o ministro, mas nenhum dirigente de peso dá sinais de que pretende transformar essa solução em bandeira.
A mudança na equipe está prevista para ocorrer em 2012.
Ontem, a ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) foi questionada sobre as atividades do colega.
"Ele é quem deve responder. O comportamento da presidente tem sido o mesmo: que preste todos os esclarecimentos. O modelo é esse", afirmou a articuladora política do governo Dilma.
Nas crises que resultaram na queda de ministros, o protocolo foi um só: cabe ao ministro-alvo dar argumentos convincentes para salvar a própria pele. Até agora, nenhum resistiu à pressão.


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