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No governo FHC, Serra foi criticado por privatizar pouco
Líder do DEM reclamou de lentidão do
então ministro na venda de empresas
GUSTAVO PATU
DE BRASÍLIA
Embora o governo FHC tenha sido de fato mais privatista que o de Lula, como prega a campanha de Dilma
Rousseff, a breve passagem
de José Serra pelo comando
do programa de desestatização teve resultados aquém
do esperado e recebeu críticas de aliados e empresários
que viam lentidão na venda
de empresas estatais.
Serra foi ministro do Planejamento e responsável pelas privatizações de janeiro
de 1995 até maio de 1996. No
período, o governo se desfez
do controle de apenas duas
empresas -a maior delas, a
Light, dez dias antes de o tucano deixar o cargo para uma
candidatura derrotada à Prefeitura de São Paulo.
Para o primeiro ano, estava prevista uma receita de
US$ 4 bilhões com a venda
de estatais e participações
minoritárias do Tesouro Nacional em companhias privadas, mas só US$ 1 bilhão foi
obtido devido aos atrasos na
Light e no Banco Meridional,
só vendido dois anos depois.
O desempenho motivou
pressões para que o comando do programa saísse das
mãos de Serra. O PFL, atual
DEM, passou a defender a
criação de um ministério exclusivo para a privatização:
"O Serra demorou mais de
cem dias para decidir mandar a lei", queixava-se o então presidente da Câmara,
Luís Eduardo Magalhães
(PFL-BA), sobre o projeto que
viabilizou a venda da Light.
Em público, argumentava-se que o Planejamento estava
sobrecarregado; em reserva,
alimentava-se a desconfiança quanto a uma suposta tendência estatista do ministro.
Em entrevista em 2009, FHC
procurou desfazer essa imagem associada a Serra.
Ao menos na retórica, Serra foi um defensor do programa de privatização, que começou em 1991, com Collor, e
chegou ao auge na segunda
metade da primeira administração tucana, com as vendas da Vale do Rio Doce e do
Sistema Telebrás.
Circunstâncias econômicas e preferências ideológicas estiveram em choque ao
longo desse período. Defensor das estatais, Itamar Franco vendeu o controle de nove
empresas e suas subsidiárias
nos pouco mais de dois anos
em que esteve no Planalto,
incluindo CSN e Embraer.
FHC praticamente encerrou o programa em seu segundo mandato, quando privatizou apenas uma empresa
de pequeno porte, a Datamec, e três bancos que pertenciam a governos estaduais e haviam sido entregues ao Tesouro em acordos
de renegociação de dívidas.
Em seu primeiro governo,
Lula vendeu ao Bradesco
dois outros bancos regionais
federalizados, os do Ceará e
do Maranhão. Outro banco
remanescente, o catarinense
Besc, acabou sendo incorporado ao Banco do Brasil -assim como a Nossa Caixa,
Nosso Banco, única estatal
vendida por José Serra à frente do governo paulista.
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