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"Voto nele mesmo roubando", diz eleitora em reduto
DO ENVIADO A JEQUIÁ DA PRAIA (AL)
Enquanto os caras-pintadas ensaiam o retorno em
Maceió, moradores do maior
reduto "collorido" de Alagoas tratam o impeachment
como "vingança dos ricos"
contra o ex-presidente.
Com 11 mil habitantes, Jequiá da Praia (AL) deu a Fernando Collor 74% dos votos
quando ele concorreu ao Senado nas eleições de 2006. É
aconselhável não criticá-lo
nas ruas da cidade.
"Quem deu a mão ao pobre foi o Collor. Por isso os ricos tiraram ele", diz o pescador David dos Santos, 59.
"O Collor mora no meu coração", derrama-se a desempregada Gorete Leite, 57. "Tenho fé em Deus que ele vai
ganhar de novo."
Apesar do cabelo grisalho
e dos quilos a mais, o senador, 61, ainda inspira suspiros. "Tá ficando coroinha,
mas continua bonito", elogia
a dona de casa Edineide Silva, 28, desdenhando as denúncias do passado. "Mesmo
roubando, eu voto nele."
Eleitores mais novos como
a feirante Edijane Nolasco,
19, simplesmente ignoram o
impeachment sofrido pelo
ex-presidente em 1992.
"Se eu escutei, não lembro. Voto nele por causa dos
meus pais," afirma.
Collor estimula a devoção
dos mais pobres. Nos últimos
três dias, disse ter sido "crucificado" e perseguido por
inimigos "do sul" e "pelos
paulistas". "A discriminação
é muito grande em relação ao
Nordeste", afirmou.
Collor foi o primeiro presidente eleito por voto direto
depois da ditadura (1964-1985). Acusado de participar
de rede de corrupção, foi
afastado e renunciou. Ele
nasceu no Rio de Janeiro, em
1949.
(BMF)
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