São Paulo, quinta-feira, 15 de setembro de 2011 |
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Ministro do Turismo é o 5º a deixar o governo Dilma Uso de servidores públicos para fins particulares selou destino de Novais Fraude em convênios e prisão de integrantes da cúpula do ministério em agosto iniciaram desgaste de ministro DE BRASÍLIA Sem apoio do seu partido, o PMDB, o ministro do Turismo, Pedro Novais, 81, pediu demissão do cargo ontem depois que a Folha revelou que ele usava funcionários pagos com dinheiro público para fins particulares. Ele remunerou a governanta de sua casa durante sete anos com verbas de seu gabinete na Câmara, quando era deputado. Sua mulher usava um funcionário da Câmara como motorista particular. Novais é o quinto ministro nomeado pela presidente Dilma Rousseff a deixar o posto em pouco mais de nove meses de governo, sendo o quarto a sair envolvido em suspeitas de irregularidades. Ontem à noite, a presidente Dilma Rousseff escolheu o deputado Gastão Vieira (PMDB-MA) para ocupar o cargo. Novais entregou sua carta de demissão a Dilma numa reunião que durou cinco minutos no início da noite. A carta tem duas frases. "Cumpro o dever de pedir-lhe minha exoneração do cargo", escreveu Novais. Desde o início do mandato de Dilma, ele só tivera um encontro a sós com ela. Os sinais de que o titular do Turismo estava fora do jogo começaram a aparecer na terça-feira, dia em que a Folha revelou que sua governanta foi paga com dinheiro público por sete anos. Naquele momento, a disposição no Palácio do Planalto em preservar o peemedebista era praticamente nula. Dilma chegou a dizer a aliados que preferia esperar um pedido de demissão para não melindrar o PMDB, que está insatisfeito com o ritmo e os critérios de nomeação para cargos do Executivo. Uma breve conversa da presidente com sua equipe selou o destino do peemedebista: o Planalto acionaria o vice-presidente Michel Temer, naquele dia hospitalizado em São Paulo, para articular a exoneração "a pedido". A fórmula reproduziu protocolo usado em todas as quatro demissões anteriores, em que partiu do ministro, e não da presidente, o ato final de desembarque. Formalmente, a presidente jamais tirou um ministro de sua equipe. RESISTÊNCIA Novais até ensaiou resistir nas últimas horas, mas desistiu ao ver que perdera o apoio interno do PMDB. No momento em que tentava reunir forças para seguir no cargo, tomou conhecimento da declaração do presidente do partido, o senador Valdir Raupp (PMDB-RO): "Não se pode comprometer uma legenda por causa de uma pessoa". Àquela altura, nem mesmo o padrinho político de Novais, o deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), líder do PMDB na Câmara, queria mantê-lo no cargo. Alves foi o primeiro a se reunir com o então ministro ontem pela manhã. No final do dia, Temer viajou às pressas de São Paulo a Brasília e se reuniu com Alves e Novais no ministério. De lá, o ainda ministro foi ao gabinete de Dilma levar o pedido de demissão. PASSADO Em dezembro, quando Novais já havia sido escolhido, descobriu-se que ele fez uso da verba do gabinete de deputado federal para pagar festa em motel no Maranhão. Novais devolveu o dinheiro antes de assumir a pasta. Ele balançou no cargo em agosto, quando a Polícia Federal revelou fraudes em convênios da pasta e prendeu integrantes da cúpula do Turismo. (NATUZA NERY, ANA FLOR, CATIA SEABRA, FLÁVIA FOREQUE, MARIA CLARA CABRAL E NÁDIA GUERLENDA) Texto Anterior: Painel Próximo Texto: Frase Índice | Comunicar Erros |
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