São Paulo, quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

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Governo corta R$ 4 bilhões do Orçamento da Defesa

Valor representa 26,5% das verbas disponíveis para investimento e custeio

Jobim evita reclamar da medida e pode reduzir total de convocados ao serviço militar; caso dos caças segue sem decisão

MÁRIO SÉRGIO LIMA
DE BRASÍLIA

O Ministério da Defesa terá de cortar em mais de um quarto as despesas com investimentos e custeio neste ano, informou ontem a pasta, após reunião do ministro Nelson Jobim com Guido Mantega (Fazenda) e Miriam Belchior (Planejamento).
A contribuição da Defesa para a "consolidação fiscal" defendida pela equipe econômica será de uma redução de gastos de R$ 4 bilhões, ou 26,5% do total disponível para investimento e custeio.
Ao todo, o Orçamento da União será cortado em R$ 50 bilhões neste ano para reduzir a pressão inflacionária.
O Ministério da Defesa é responsável pelo quarto maior orçamento da Esplanada, atrás apenas das pastas de Previdência Social, Saúde e Educação. Para este ano, a previsão era que a pasta gastasse R$ 60,2 bilhões.

SERVIÇO MILITAR
Na saída do encontro, Jobim evitou reclamar do corte. Ele disse que o contingente de convocados para o serviço militar obrigatório pode ser reduzido como parte do ajuste de gastos. Em média, são chamados 70 mil por ano.
"A gente não pode achar coisa alguma [sobre o corte].
Tem de entender as condições econômicas", disse.
O ministro fez questão de afirmar que as Forças Armadas terão de se adequar à nova realidade, embora não tenha definido ainda quais serão os projetos e despesas que terão de ser cortados.
"Evidentemente, o que eu vou fazer, após serem estabelecidos quais são os cortes, analisar eventuais negociações que possam ser feitas, de prorrogações de prazos de pagamento de alguns contratos e depois estabelecer quais são as consequências."
"Depois de saírem os números consolidados, eu vou chamar as Forças Armadas e distribuir esses valores entre elas. E vou baixar numa portaria determinando o que terá de ser suspenso ou paralisado", explicou Jobim. Do orçamento total da Defesa, a grande maioria (R$ 44,3 bilhões) refere-se a gastos com pessoal e pensões, que não podem ser cortados.
Dos R$ 15,1 bilhões que correspondem a investimentos e a despesas de custeio, o ministério informa que R$ 4,8 bilhões não podem ser bloqueados por cobrirem despesas obrigatórias, como o controle do tráfego aéreo.
No final do dia, Jobim passou três horas reunido com Dilma. Segundo assessores, ele apresentou uma metodologia que será aplicada para fazer os cortes. O estudo foi preparado pelo ministério.
O ministro decidiu cancelar a viagem que faria nos próximos dias ao Reino Unido e Suécia para concluir o corte no orçamento da pasta.

Colaborou ANA FLOR, de Brasília


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