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Presidente do BB compra imóvel com dinheiro vivo
Segundo escritura, apartamento foi adquirido por Bendine por R$ 150 mil
Outro imóvel no mesmo prédio está à venda por R$ 310 mil; executivo afirma que o valor é compatível com renda
MÔNICA BERGAMO
COLUNISTA DA FOLHA
O presidente do Banco do
Brasil, Aldemir Bendine,
comprou um apartamento
no interior de São Paulo neste ano em dinheiro vivo.
O imóvel foi declarado na
escritura por R$ 150 mil. Com
160 m2 de área, ele tem duas
vagas para automóveis de
passeio. Foi adquirido em
abril deste ano da Construtora Eugenio Garcia.
A Folha visitou o prédio.
Um apartamento vizinho ao
de Aldemir Bendine, no mesmo andar que o dele, está à
venda por R$ 310 mil.
A escritura do imóvel foi
registrada em abril. Nela
consta que a construtora fechou a compra e que o valor
do imóvel foi "recebido em
moeda corrente nacional".
Bendine diz que fez o pagamento em notas de reais.
A lei permite que um imóvel seja quitado por meio de
cheque, transferência bancária ou dinheiro vivo. A operação não é ilegal.
FISCO
Por meio da assessoria de
imprensa do Banco do Brasil,
Bendine disse que, além de a
lei permitir a transação em
dinheiro vivo, o valor desembolsado é compatível com a
sua declaração de Imposto
de Renda (leia texto ao lado)
deste ano.
O executivo diz que informou ao fisco guardar R$ 200
mil em casa, em dinheiro vivo. Teria gasto uma parte
deste total para adquirir o
apartamento.
De acordo ainda com assessores de Bendine, os recursos que ele tinha em aplicações financeiras seriam insuficientes para fazer frente
ao gasto. Por isso, ele recorreu ao dinheiro guardado em
sua residência.
O banco estatal diz que,
por se tratar da vida pessoal
de Bendine, não divulgará as
razões que o levaram a optar
por manter dinheiro em casa,
perdendo os rendimentos em
aplicações de instituições financeiras como o próprio
Banco do Brasil.
Quanto ao fato de um imóvel das mesmas dimensões
que o dele estar à venda no
mesmo prédio pelo dobro do
preço, a assessoria afirmou
que há várias explicações
possíveis para a diferença.
Uma delas é que, por ter sido comprado à vista, o imóvel de Bendine pode ter saído
por um preço menor. A outra
é que, como ele foi um dos
primeiros a comprar a unidade, recém-lançada, em abril,
a construtora pode ter reajustado os valores ao longo dos
últimos meses.
COLCHÃO
Neste ano, vários candidatos que concorrem a cargos
eletivos declararam à Justiça
Eleitoral possuir dinheiro
guardado em casa.
A presidenciável Dilma
Rousseff (PT) diz que ela tem
R$ 113 mil. O tucano Aloysio
Nunes Ferreira (PSDB-SP),
candidato ao Senado por São
Paulo e ex-chefe da Casa Civil
do governo estadual informou ter R$ 50 mil.
Orestes Quércia (PMDB-SP), que desistiu da candidatura ao Senado para se tratar
de um câncer, declarou R$
1,2 milhão em dinheiro vivo.
O delegado Protógenes
Queiroz (PC do B-SP), que ganhou notoriedade depois de
prender o banqueiro Daniel
Dantas, do Opportunity, disse ter R$ 284 mil.
Em 2006, quando concorria ao governo de Minas, Aécio Neves (PSDB) declarou
ter R$ 150 mil "em espécie" e
R$ 86 mil no banco.
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