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Corrida de obstáculos
Candidatos entulham calçadas com cavaletes, que atrapalham a circulação, mas criam empregos temporários para "guardadores'
EVANDRO SPINELLI
DE SÃO PAULO
A campanha eleitoral
transformou uma simples caminhada pelas calçadas em
uma prova de obstáculos.
A vedete da propaganda
eleitoral neste ano são aqueles cavaletes que geralmente
trazem foto, nome e número
do candidato.
Colocados nas calçadas,
atrapalham os pedestres e
poluem o visual da cidade.
"O direito de ir e vir das
pessoas está sendo tolhido.
Sem contar que são de extremo mau gosto", diz a advogada Célia Marcondes, presidente da Samorcc (Sociedade dos Amigos e Moradores
do Bairro Cerqueira César).
Então, por que os candidatos insistem nesse tipo de
propaganda? Porque é um
dos poucos tipos de propaganda de rua permitidos pela
legislação eleitoral.
"Nas campanhas anteriores eles colocavam placas
nos postes. Um colocava em
cima da placa do outro, era
uma bagunça", diz Rogério
Miranda, da BR Promo, empresa especializada em materiais gráficos.
Segundo ele, o cavalete é
prático porque pode ser retirado facilmente, mudado de
lugar a cada dia e aguenta a
campanha eleitoral inteira
sob sol ou sob chuva.
Cada cavalete, do mais
simples, custa entre R$ 15 e
R$ 60, dependendo da quantidade encomendada.
Miranda disse que um único candidato chegou a encomendar 2.000 peças de uma
vez. Esse grande volume geralmente sai para candidatos
a senador ou a deputado federal em reeleição.
Mesmo permitido, o uso
do cavalete tem restrição. Só
pode ficar disponível das 6h
às 22h e não pode ser colocado em praças ou canteiros
centrais de avenidas.
Essas restrições criaram
um novo tipo de profissional
temporário nas campanhas:
o "guardador de placa". São
pessoas que cuidam de colocar o material de manhã, retirar à noite e, durante o dia,
vigiam para ver se não caem,
quebram, são roubados...
POLUIÇÃO VISUAL
"Ninguém gosta de ver isso. São esses políticos que
vão fazer as leis, que vão dizer que a cidade tem de ser
limpa, mas que cidade limpa
não vale em época de eleição", diz Célia Marcondes.
Ronaldo Lopes, da Novva
Mídia, também especializada em materiais gráficos,
concorda que os cavaletes de
propaganda eleitoral poluíram a cidade.
A restrição ao uso de outros tipos de propaganda
-placas de postes, outdoors
etc.- diminuiu o faturamento das empresas no setor em
período eleitoral.
Lopes diz que a eleição era
uma espécie de Natal das empresas do setor: o faturamento crescia até 200% nesse período em relação a um mês
normal. Agora, o faturamento cresce 50%, se tanto.
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