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ANÁLISE
Desafio de candidatos é conquistar os eleitores que admitem mudar o voto
MAURO PAULINO
DIRETOR-GERAL DO DATAFOLHA
ALESSANDRO JANONI
DIRETOR DE PESQUISAS DO DATAFOLHA
A estabilidade do cenário
eleitoral revelada pelo Datafolha reflete o alto grau de
cristalização do voto neste
momento. A grande maioria
dos que declaram o voto se
diz totalmente decidida sobre o candidato que escolheu
para suceder Lula.
Entre os eleitores de Dilma
Rousseff (PT), 91% se mostram convictos. Entre os que
pretendem votar em José Serra, a taxa é de 89%.
O dado é importante, explica a manutenção do quadro, mas pode não ser definitivo. Como acontece com
qualquer variável inerente à
opinião pública, ele sofre a
influência de fatores conjunturais e pode apresentar mudanças à medida que a eleição se aproxima.
Além disso, os 9% que ainda cogitam a possibilidade
de mudar o voto poderiam,
em última análise, alterar a
história da eleição. Afinal, a
diferença entre os dois candidatos hoje é de apenas seis
pontos percentuais.
Mas a pergunta que tal tendência desperta refere-se ao
potencial de crescimento que
cada candidatura apresenta
atualmente. Para a análise, é
essencial focar não só a determinação dos eleitores conquistados até aqui, mas também, e principalmente, o segmento daqueles que não
escolhem um ou outro.
É importante entender como se dividem os não eleitores de Dilma e Serra, isto é,
quais as chances da petista e
do tucano entre os que hoje
não votam neles.
Hoje os eleitores que não
optam por Dilma são 53%.
Entre eles, projetando-se para o eleitorado total, 35% dizem que não votariam em
Dilma de jeito nenhum.
Sobra então para a petista
um espaço de crescimento de
17 pontos percentuais. Dentre estes, porém, apenas o
equivalente a um ponto percentual diz que com certeza
poderia votar em Dilma no
segundo turno. O restante
cogita a possibilidade.
Em relação a Serra, a situação é parecida. Dos 59% que
não votam no tucano, a
maioria o rejeita totalmente.
Debita-se então de sua conta
39% do total de eleitores.
Serra ficaria com um saldo
de 20 pontos para serem conquistados. Mas demonstram
maior tendência de mudarem o voto para o ex-governador só 2% dos eleitores.
A conclusão é que os estratos mais suscetíveis à migração hoje são insuficientes para provocar grandes mudanças no cenário eleitoral.
Se alterações ocorrerem,
será porque algum fato conseguiu despertar o segmento
dos não eleitores que levemente cogitam a possibilidade de mudar o voto.
O debate centrado em
aborto e religião não se mostrou, até aqui, suficiente para
atingir esse grupo.
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