São Paulo, domingo, 16 de outubro de 2011

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Ministro do Esporte recebeu recurso desviado, diz revista

Homem afirma que entregou dinheiro a Orlando Silva na garagem do ministério

PF abre inquérito para investigar o caso; Silva afirma que a acusação é uma fraude e que pediu apuração das denúncias

DE BRASÍLIA

Dois integrantes de um suposto esquema de desvio de recursos do Ministério do Esporte acusam o ministro Orlando Silva (PC do B) de participação direta nas fraudes, segundo reportagem publicada pela revista "Veja".
O soldado da Polícia Militar do Distrito Federal João Dias Ferreira e seu funcionário Célio Soares Pereira disseram à revista que o ministro recebeu parte do dinheiro desviado pessoalmente na garagem do ministério.
Localizado ontem pela Folha, Pereira confirmou a acusação contra o ministro, mas recusou-se a dar entrevista. Segundo a "Veja", Pereira descreveu assim a entrega, que teria ocorrido em 2008: "Eu recolhi o dinheiro com representantes de quatro entidades aqui do Distrito Federal que recebiam verba do [programa] Segundo Tempo e entreguei ao ministro, dentro da garagem, numa caixa de papelão. Eram maços de notas de 50 e 100 reais".
Do México, onde acompanha o Pan-Americano, o ministro disse que a acusação é uma "fraude" e pediu à Polícia Federal que a investigue.
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirmou que conversou ontem com Silva por telefone e que determinará a abertura de inquérito no começo da semana.
O PC do B informou que, por solicitação do ministro, pedirá a antecipação de um depoimento que Silva daria à Comissão de Fiscalização da Câmara dos Deputados.
Segundo a Folha apurou, a reação do ministro agradou ao governo, que por ora não cogita substituí-lo. Pivô das acusações, o soldado Ferreira foi candidato derrotado a deputado distrital pelo PC do B em 2006.
Em abril de 2010, ele foi preso na Operação Shaolin, desencadeada pela Polícia Civil do Distrito Federal, suspeito de participação no desvio de R$ 1,99 milhão repassados pelo Segundo Tempo a duas ONGs presididas por ele. O programa financia atividades esportivas em comunidades carentes.
Segundo a polícia, as ONGs usaram notas fiscais falsas para simular compras de material esportivos. Uma entidade assinou convênio com o ministério para beneficiar 10 mil crianças.
A polícia concluiu à época que o dinheiro desviado foi usado pelo policial militar construir uma mansão, adquirir carros luxuosos e montar três academias.
Um dos convênios com as ONGs de Ferreira foi assinado na gestão do então ministro Agnelo Queiroz, na época filiado ao PC do B e hoje governador do DF pelo PT.
O segundo, segundo a polícia, foi assinado na administração Orlando Silva, que substituiu Queiroz. A oposição reagiu às acusações. O líder do PSDB na Câmara, Duarte Nogueira (SP), defendeu em nota o afastamento do ministro e disse que pedirá a abertura de novas investigações.
Procurado pela Folha, o policial militar não foi localizado ontem.
(RUBENS VALENTE, RENATO MACHADO, FERNANDO MELLO e ANDRÉIA SADI)


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