São Paulo, quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

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ANÁLISE

Aliados cedem a apelos enfáticos que vieram da Presidência

VALDO CRUZ
DE BRASÍLIA

Enquadramento quase que geral. Foi o que aconteceu na votação do mínimo de R$ 545. A maioria dos deputados não quis enfrentar a "ira" do governo Dilma e preferiu traduzir sua posição como um gesto de boa vontade em relação à nova presidente num período de ajuste fiscal.
Ontem, entre a pressão de sindicalistas alojados nas galerias da Câmara dos Deputados e o receio de desagradar ao governo, a maioria dos aliados preferiu ceder aos apelos enfáticos vindos do Palácio do Planalto.
Afinal, em início de mandato, há muito mais espaço para aprovar propostas impopulares do que bater de frente com presidentes com cargos a serem preenchidos e verbas para distribuir.
Às voltas com um início de governo com dificuldades na economia, a presidente Dilma Rousseff decidiu transformar a votação do mínimo numa questão de honra para testar a fidelidade de sua base aliada no Congresso.
No ano passado, ela chegou a admitir que aceitaria antecipar parte do reajuste de 2012 para garantir um aumento real ao mínimo no seu primeiro ano de governo. Mudou de ideia depois de divulgada a inflação de janeiro, bem acima do previsto.
A princípio, sua base aliada não acreditou muito na disposição presidencial de endurecer. Parecia disposta a atender em parte o pleito dos sindicalistas. Também mudou de ideia depois de ouvir os "recados" que vieram do Palácio do Planalto.

MENSAGEM
Nas palavras de um peemedebista, a mensagem de Dilma foi clara. Não aceitava ser derrotada na primeira votação, principalmente depois de ter anunciado um corte de R$ 50 bilhões no Orçamento. Partido que ficasse contra seria tratado como oposição.
Funcionou, para alívio do governo. Afinal, mesmo depois do anúncio dos cortes, as expectativas do mercado em relação à inflação continuavam bem negativas. A situação ficaria muito pior em caso de derrota.
Agora, a equipe de Dilma espera que o vento mude de direção e o mercado passe a acreditar na disposição presidencial de baixar as medidas necessárias para segurar a inflação em 2011.


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