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Na TV, Dilma usa "vacina" e fala da prisão
Primeiro programa disseca biografia da petista, e propaganda da noite explora "simbiose" da candidata com Lula
Realizações do governo são creditadas a "Lula e Dilma"; em tom ameno, petista fala sobre "arte de aguentar a cadeia"
ANA FLOR
ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA
Na estreia da propaganda
eleitoral, hoje, a candidata
do PT à Presidência, Dilma
Rousseff, narra durante dez
minutos sua biografia e trata
de um tema-tabu: a prisão
por ter feito parte de um grupo que atuou na luta armada
na ditadura militar.
"Ninguém faz as coisas
quando não tem paixão nem
crença", diz ela, na fala que
abre o programa.
A Folha apurou que, no
programa de apresentação,
Dilma conta sobre como entrou no movimento estudantil na escola secundária, em
Belo Horizonte, onde ingressou em 1964. "Eu era um peixe dentro d"água", diz, numa
tentativa de mostrar que, na
época, o engajamento era comum na juventude.
Ela procura falar em tom
leve da prisão na década de
70. "A arte de aguentar uma
cadeia é viver a cadeia", diz.
A forma amena serve de
vacina contra ataques da
oposição sobre sua atuação
na clandestinidade no combate à ditadura militar.
Duas amigas da época dão
depoimentos sobre a prisão e
o "amor de Dilma pelo Brasil". Ela também dirá que lutou pela redemocratização,
em outra forma de desarmar
eventuais ataques.
O programa da hora do almoço terá presença discreta
de Lula. Serão repetidas as
falas da Convenção Nacional
do PT, quando disse que queria "entregar a faixa presidencial para uma companheira mulher", e o relato de
como conheceu a candidata.
Numa gravação nova, Lula
diz que "não há ninguém
mais preparado para governar o Brasil" do que Dilma.
Mas o foco será a candidata, em especial sua biografia
-já que a oposição tem repetido que ela tem menos experiência para governar o país.
As cenas da infância e de
seu cotidiano como mãe serão mostradas para quebrar a
imagem da ministra executiva e dura. Dilma relata uma
passagem em que, criança,
ouviu um menino pedir dinheiro para comer. Diz que
rasgou a única nota que tinha para dividir com ele.
Aparecem o ex-marido
Carlos Araújo, o ex-governador Olívio Dutra (RS), de
quem ela foi secretária, e um
engenheiro do Ministério de
Minas e Energia.
No final, ela diz que a desigualdade no país a incomoda
"afetivamente". E aparece
brincando com seu cachorro,
com roupa de caminhada.
DILMA E LULA
No programa da noite, o
marqueteiro João Santana
tenta mostrar uma simbiose
entre o presidente e a candidata, tanto em projetos quanto nas biografias. As mudanças no país são atribuídas ao
"governo de Lula e Dilma".
Os dois aparecem em extremos do país: Dilma no
Chuí (RS) e Lula em Porto Velho (RO). Na conversa, Lula
anuncia "o início de um novo
tempo", enquanto Dilma fala
do futuro. "O Brasil não quer
nem pode parar", discursa.
Segue com um giro por diversas cidades do país, nas
quais Dilma fala de promessas. No Vale do Jequitinhonha, lugar visitado por Lula e
seus ministros ao tomar posse, em 2003, a candidata renova o compromisso de acabar com a pobreza extrema.
O pré-sal também é citado
e explicado com gráficos.
Lula afirma que sua ex-ministra "foi a grande responsável pelas maiores conquistas do governo". E pede voto.
Dilma veste o figurino de
"mãe do povo", ensaiado por
Lula em comícios. "Quero fazer, com cuidado de mãe, o
que ainda precisa ser feito."
O programa se encerra em
tom emotivo, com uma música de despedida de Lula, em
meio a imagens dele na posse e no Palácio da Alvorada.
"Deixo em tuas mãos o meu
povo", diz a música, como se
o próprio Lula cantasse.
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