São Paulo, sexta-feira, 17 de setembro de 2010

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Dilma diz que projeto era "terreno na Lua"

Candidata afirma que Erenice tomou "atitude correta" ao se demitir e que soube de denúncia de lobby pelo jornal

Petista evita defender a ex-braço direito e critica custo de proposta que foi intermediada pela firma de Israel Guerra

PLÍNIO FRAGA
FELIPE CARUSO

DO RIO

A candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, chamou de "compra e venda de terreno na Lua" a negociação de um empréstimo bilionário do BNDES a um projeto de energia solar intermediado pelo filho de Erenice Guerra, que foi sua principal assessora e depois a sucedeu como ministra da Casa Civil -cargo que havia ocupado entre 2005 e abril deste ano.
Dilma refutou envolvimento com o episódio, apesar de ser a titular da Casa Civil à época da negociação, tendo Erenice como secretária-executiva.
"Onde está a prova de que eu esteja envolvida nesse caso? É importante no Brasil que a gente não perca a referência das conquistas da civilização. Tem de provar que você fez. Não você provar que não fez. Como eu estou envolvida nesse caso? Aliás, tomei conhecimento dele pelos jornais", declarou Dilma, em uma entrevista de 17 minutos ontem à tarde na Associação Comercial do Rio, na zona central da cidade.
A petista apoiou a saída de Erenice Guerra e disse não acreditar que nova acusação de prática de lobby pelo filho de sua ex-assessora possa afetar a campanha eleitoral.
"Considero que a ministra Erenice tomou a atitude mais correta. Porque, como o caso exige investigação, é sempre bom que a autoridade se afaste para assegurar que investigação transcorra da melhor forma possível."

FALHAS TÉCNICAS
A candidata criticou tecnicamente o projeto da EDRB. "Se é verdade o que o jornal diz do projeto apresentado, queria fazer dois comentários. Esse projeto de R$ 9 bilhões para 600 megawatts seria o projeto de energia mais caro do Brasil", disse.
E prosseguiu: "Portanto um projeto que teria algo como 6% da energia gerada pela [usina de] Belo Monte com o equivalente à metade do seu valor. Seria um dos mais caros projetos. Se o BNDES o recusou, o fez muito bem".
Dilma disse que não tem conhecimento de o BNDES financiar nenhum projeto que não tenha a garantia de contrato de venda em leilão.
"Então, essa história me parece, sabe aquela história de compra e venda de terreno na Lua? Me parece isso."
No final, Dilma foi questionada novamente sobre se sua campanha poderia ser afetada pela acusação à família da ex-assessora.
"Não acredito que tenha uma coisa a ver com a outra. Uma coisa é o que aconteceu, outra é minha campanha."


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