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Irmão de diretor da Eletrobras negocia projetos de energia
Edgar Cardeal oferece a empresas negócios em setor que irmão coordena
Contrato prevê "taxa de sucesso" se o negócio vingar; Valter Cardeal é homem de confiança de Dilma no setor elétrico
SILVIO NAVARRO
DE SÃO PAULO
FERNANDA ODILLA
DE BRASÍLIA
O irmão do diretor de Engenharia e Planejamento da
Eletrobras, Valter Cardeal
-homem forte de Dilma
Rousseff (PT) no setor elétrico -, atua como consultor de
empresas interessadas em
investir em energia eólica,
área que terá R$ 9,7 bilhões
em investimentos do PAC 2.
Edgar Luiz Cardeal é dono
da DGE Desenvolvimento e
Gestão de Empreendimentos, criada em 2007 para elaborar projetos no setor.
O responsável pela gestão
do Proinfa, programa de incentivo ao uso de energias alternativas -como a eólica-
é o irmão do empresário.
Valter Cardeal é braço-direito de Dilma no setor elétrico há 20 anos. Quando a presidenciável do PT foi secretária de Minas e Energia do RS,
ele era diretor da CEEE, empresa estadual de energia.
Ele também preside o Conselho de Administração da
Eletrosul, que gerencia a política energética no Sul -onde atua a empresa do irmão.
Edgar oferece a empresas
projetos para erguer torres de
energia eólica em fazendas
cuja locação ele negocia.
Sócio de duas empresas do
ramo, Ricardo Pigatto relatou à Folha ter contratado
Edgar para investir em três
parques eólicos no RS. "Estabelecemos um valor fixo com
pagamentos mensais e, depois, uma taxa de sucesso se
o negócio der certo."
Pigatto disse que firmou
três contratos com Edgar, e
que os pagamentos mensais
eram para custear estudos
que viabilizariam o projeto.
Pelo contrato, a taxa de sucesso sobre o projeto varia de
0,2% a 10% se o governo
comprar a energia ou se o negócio for vendido a terceiros.
Um dos parques eólicos,
em Pinheiro Machado, está
orçado em R$ 1 bilhão. Para
esse contrato, firmado com
Edgar em maio do ano passado, o pagamento previsto é
de R$ 84 mil em 23 meses.
Para dar certo, o projeto
precisa passar pelo crivo da
Aneel (Agência Nacional de
Energia Elétrica) e vencer um
leilão do governo federal,
que passaria a ser comprador
da energia produzida.
"Dos 6 parques que nós estamos medindo [capacidade
de produção de energia pelo
vento], 3 foram ele [Edgar]
quem nos trouxe os proprietários de terras para negociar", disse Pigatto.
"Um dia ele apareceu na
empresa perguntando se eu
tinha interesse em desenvolver parques eólicos. Trouxe a
oportunidade e me propiciou
contato com alguns proprietários de terra com os quais
fiz arrendamento e estamos
desenvolvendo projetos."
"ÉPOCA"
O banco KfW, controlado
pelo governo alemão, entrou
com ação contra a CGTEE,
empresa de geração térmica
subsidiária da Eletrobras.
Segundo a revista "Época", na ação o banco acusa
Valter Cardeal de ter conhecimento de fraude na construção de usinas de biomassa
no Sul. A Justiça Federal
abriu processo sobre o caso,
mas não incluiu o diretor.
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